Coldplay: "Music Of The Spheres" é um álbum dançante, mas constrangedor
Depois de se assumir como uma banda de "pop rock" colorida e ingênua em "Mylo Xyloto" (2011) e confirmar essa escolha em "A Head Full Of Dreams" (2015) e no EP "Kaleidoscope" (2017), o Coldplay decide querer ser a maior banda "pop" do universo em "Music Of The Spheres" (2021).
O nono álbum do grupo, lançado no início de outubro de 2021, tem várias faixas dançantes e alegres complementadas por algumas baladas bonitas, mas, como estamos falando de Coldplay, não poderiam faltar algumas músicas que provocam aquela vergonha alheia que deixa qualquer pessoa constrangida, pensando em como esses marmanjos podem fazer um pop tão infantilizado e ridículo.
"Music Of The Spheres" é um bom álbum, porém precisa ser ouvido com um certo cuidado, pois há buracos negros cheios de uma força gravitacional constrangedora que devem ser evitados neste universo colorido e dançante criado pelo Coldplay. Para saber qual caminho seguir nesta viagem cósmica sonora, vamos conhecer o disco, faixa a faixa, com notas de zero a dez:
1) "Music Of The Spheres I"
Instrumental que inicia o álbum e serve de introdução para "Higher Power". Nota 8,0.
2) "Higher Power"
"Pop-rock" bem produzido, dançante, tem um ritmo legal, um refrão convincente, funciona muito bem. Lembra a "pop music" dos anos 80, algo assim. Tem backing vocals que incrementam os melhores momentos da canção. Muito boa, séria candidata a entrar no grupo dos grandes sucessos do Coldplay. Nota 10,0.
3) "Humankind"
Outro "pop" intenso com batidas fortes, "riff" eletrônico e ritmo bem dançante, mesclando violões e guitarras para criar uma sonoridade de aventura e redenção. Bonita, empolgante e emocionante, "Humankind" foi feita para levantar a multidão. O refrão é ótimo, tem falsetes agradáveis de Chris Martin e boas "viradas" de bateria. Musicaça. Nota 10,0.
4) "Alien Choir"
Instrumental que complementa "Humankind" e encerra esta parte do álbum. Nota 8,0.
5) "Let Somebody Go"
Balada triste, que vai ganhando emoção pouco a pouco e melhora quando Selena Gomez entra acompanhada por uma batida de "trap" com piano. Na parte final, a canção fica intensa e mais emocionante. Funciona. Nota 9,0.
6) "Human Heart"
Outra balada, dessa vez "a capella", com sonoridade cósmica, espacial, atmosférica. Na segunda parte da canção, o Coldplay deixa as vozes femininas dominarem, o que cria uma surpresa muito agradável. Quase não tem a banda tocando, apenas vozes, um coro bonito e celestial. Nota 10,0.
7) "People Of The Pride"
Início épico, orquestral, parece começo de filme de ficção científica, grandioso, interrompido por um "riff" de guitarra e uma melodia tensa, que se alterna com momentos mais calmos.
É uma música pretensiosa, com muitas quedas na intensidade, parece confusa e cai em uma mistura de "yeee-yeeeaah" com falsetes que não convencem.
Tentaram criar um hino de combate e luta por direitos e representatividade, mas o resultado é cansativo. Nota 7,0.
8) "Biutyful"
Essa música prova que, se não tiver pelo menos uma canção constrangedora, então não é um álbum do Coldplay.
"Biutyful" tem bom ritmo, mas o vocal de Chris Martin alterado para o agudo é vergonhoso, parece Alvin e Os Esquilos cantando Coldplay. Se era para ser fofo, ficou ridículo. Depois entra a voz "normal" de Chris, mas a vergonha alheia já está instaurada e se intensifica no refrão.
Porque alguns seres humanos acham que alienígenas fofos teriam voz humana e aguda? Irritante. Nota 4,0.
9) "Music Of The Spheres II"
Outro instrumental, dessa vez é o som de uma plateia guiada por uma voz alterada e aguda, uma introdução para "My Universe" com o grupo de "K-Pop" BTS. Muito curta, desnecessária. Nota 4,0.
10) "My Universe"
Outra música dançante que é um ótimo pop com um refrão muito bom. A participação dos integrantes do BTS funciona na segunda parte da canção, mas atrapalha quando os dois "pseudorrappers" do grupo de "K-Pop" participam, quebrando um pouco o ritmo, porém sem comprometer a faixa.
Música chiclete, bastante eficiente. O "riff" eletrônico do final poderia estar presente na canção toda, mas fica para uma próxima vez. Nota 10,0.
11) "Infinite Sign"
Tentativa de criar hino de estádio com "olê olê olê" e ritmo de música eletrônica, quase um "drum and bass". É um instrumental longo de aproximadamente quatro minutos, com coral de vozes no final.
O objetivo aqui é criar uma trilha sonora para uma viagem espacial, servindo de introdução para a utópica e ingênua "Coloratura". Serve como música de fundo, mas é dispensável. Nota 7,0.
12) "Coloratura"
Longa música ingênua sobre uma galáxia utópica, onde todos são aceitos sem restrição. Parece o Coldplay nos dando boas-vindas em um paraíso onde tudo o que foi visto de bom e positivo em "Mylo Xyloto" (2011) e "A Head Full Of Dreams" (2015) se torna realidade.
A balada parece uma versão "pop" de alguma faixa do Pink Floyd em "The Dark Side Of The Moon" (1973) diluída em uma doçura ao longo de quase dez minutos de duração.
Cita Galileu, personagens mitológicos e nomes de corpos celestes ao som de harpa para simular as estrelas no cosmo e sininhos de canção de ninar para criar uma atmosfera de sonhos com um longo solo de guitarra imitando algo já visto no rock psicodélico. No final, violinos e "ooooh-ooooh-oh" aparecem para convencer a plateia de que algo épico aconteceu. Nota 9,0.
CONCLUSÃO:
"Music Of The Spheres" é um disco que vale a pena pelas três ótimas músicas dançantes que justificam todo o álbum, as quais são "Higher Power", "Humankind" e "My Universe".
Quem é mais melancólico pode se emocionar com a bela balada "Let Somebody Go" e a surpreendente "a capella" "Human Heart". "Coloratura" é pretensiosa é só serve para quem tem dez minutos para desperdiçar em uma canção que poderia ter quatro minutos no máximo.
O resto é constrangimento, desde instrumentais desnecessários até o absurdo de ouvirmos Chris Martin imitando Alvin e Os Esquilos na tentativa de ser um alien fofo, porém "cringe".
NOTA FINAL: 96 pontos / 12 músicas = 8,0 ou 8/10
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