Dead Fish derruba paredes e constrói um Rock poderoso no "Labirinto da Memória"

janeiro 20, 2024

Após revisar as suas três décadas de carreira, o Dead Fish está de volta com o álbum "Labirinto da Memória", que, apesar do nome, não é mais uma coletânea de sucessos do grupo, mas um esforço em amarrar algumas pontas soltas do passado, enquanto consolida sua sonoridade para o futuro.

O disco começa com "Adeus Adeus", um manifesto contra a idolatria por uma divindade mais preocupada em culpar, censurar e castigar do que em abençoar aqueles que dedicam uma vida inteira à fé e à adoração. Esse sentimento de sacrifício sem sentido é reforçado na ótima faixa "Interrupção" e resolvido nas dualidades e paradoxos do "Divino Caos".

Dessa resolução vem a busca pela maturidade, conquistada à base de sorrisos doloridos em "Dentes Amarelos" e dividida de forma problemática com amigos e familiares no "jogo de provocações" da música "49", após exigir a superação de mágoas antigas na faixa "Criança Versus Criança".

Concluindo esse esforço de reconciliação e reorganização do passado, surgem algumas canções com valor histórico importante, como "Avenida Maruípe", que conta o relato de um garoto vivendo a ingenuidade da juventude a poucos metros dos terrores da ditadura militar, seguida por "Estaremos Lá", demonstrando como a paixão por hinos e símbolos patriotas pode ser um disfarce para um regime de exclusão e brutalidade.

Por fim, "Labirinto da Memória", a música e o disco, são uma luta constante para colocar em ordem o passado, a fim de encontrar a saída rumo a um futuro melhor.

A percussão marcante, a guitarra poderosa e as letras fortes interpretadas por Rodrigo Lima, um jovem de 50 anos de idade, vão garantir que as paredes desse labirinto sejam derrubadas e todo mundo tenha condições de caminhar em liberdade.

Dead Fish - Álbum: "Labirinto da Memória"

Hardcore - Vitória / Espírito Santo