Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Julho)

Metade do ano foi embora e alguns discos até este momento de 2024 conquistaram títulos importantes: o melhor álbum Pop pertence a um grupo brasileiro e o disco mais fofo vem dos EUA direto das mãos da jovem popstar Clairo.

No jogo do Rock, o Shoegaze / Dream Pop continua dando as cartas, revelando novos nomes de lugares surpreendentes como Tóquio, Japão ou Blumenau, Santa Catarina, porém o Rock Afro-Psicodélico e o Hard Rock Alienígena ganham força na Baixada Fluminense e no interior de Minas Gerais e o Grunge faz uma parceria com o Indie Eletrônico lá em Washington D.C.

O Amor é revisitado pelo grande artista Sérgio Pererê, músicas cinematográficas surgem em Los Angeles e um fenômeno Techno Punk espetacular brota nas ruas congestionadas da capital do Congo, construindo a lista com Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Julho).

Vamos começar na maior cidade do Brasil, com um grupo que une passado e futuro para entregar um dos melhores discos Pop de 2024.


1) PLUMA - "Não Leve a Mal" (Rockambole)

Pop, Soul, Disco Music, Jazz Eletrônico - São Paulo / SP



Um dos melhores álbuns de Música Pop de 2024 se chama "Não Leve a Mal", do PLUMA, grupo paulistano que está lançando seu primeiro disco.

Esse trabalho é repleto de canções dançantes, elegantes, divertidas, gostosas de ouvir, graças a habilidade do PLUMA em trazer para o presente a energia da Disco Music e do Soul dos anos 70 e 80, adicionando um toque moderno às suas músicas por meio do Jazz Eletrônico e seus ritmos frenéticos que chegam até ao Drum & Bass, abrindo as portas para os próximos trabalhos da banda e indicando um caminho muito bacana pelo qual o futuro do Pop Brasileiro pode avançar.

Você vai se divertir bastante com "Plano Z" e sua metáfora futebolística sobre um amor que quer sair da reserva e entrar em campo, guiado por uma batida acelerada trocando passes com uma melodia delicada; "Quando Eu Tô Perto", um Funk Psicodélico Espacial que transmite muito bem a ansiedade gostosa de estar apaixonado por alguém, e "Doce/Amargo", funcionando como se Rita Lee tivesse feito uma ótima parceria com o Tame Impala.

2) Clairo - "Charm" (Clairo Records LLC)

Soft Pop, R&B, Soft Jazz - Atlanta, Geórgia / Estados Unidos



O candidato ao título de álbum mais fofo de 2024 é "Charm", da Clairo, fenômeno do Bedroom Pop que, no início da adolescência, já tinha uma fanbase gigante no YouTube, graças às suas músicas tímidas e bonitinhas, marca registrada da cantora.

Em seu novo disco, Clairo demonstra um amadurecimento natural decorrente da idade, afinal de contas ela é uma jovem mulher se descobrindo e entendendo as dores e prazeres do Amor na vida adulta.

Essa maturidade aparece em suas canções com a adição de elementos leves de Soft Pop e elegantes de um R&B chique, costurados por alguns momentos de Jazz, tornando a música de Clairo um conjunto de pérolas Pop deliciosas, abordando problemas amorosos com beleza e fofura.

A faixa de abertura "Nomad" tem um andamento de Jazz guiado por um contrabaixo que dá o peso necessário à uma delicada canção sobre estar dentro de um relacionamento perdido, não importa em que lugar ou situação você se encontre. 

"Slow Dance" fala de se sentir sozinha, mesmo acompanhada, dentro de uma relação que se tornou rotina, em meio a trombones, flautas e clarinetes simulando melancolia e ternura. 

Além disso, "Thank You" agradece com ironia e carinho um ex-amor com o qual foi impossível se conectar, mas que trouxe um aprendizado interessante, enquanto um arranjo de Jazz e R&B trazem aquela sensação de andar pelo parque de mãos dadas com o maior amor da sua vida.

3) Adorável Clichê - "sonhos que nunca morrem" (Balaclava Records)

Rock, Dream Pop, Emo - Blumenau / Santa Catarina



Coitado do Amor, com certeza o assunto mais explorado pela Arte, especialmente pela Música, em diversos gêneros, de todas as formas possíveis. Será que existe um jeito de fazer canções românticas sem cair na mesmice nem recorrer aos mesmos truques de sempre?

Bem, quem tem uma resposta criativa para isso é o Adorável Clichê, banda de Rock Indie de Blumenau, Santa Catarina, e que está lançando seu novo álbum, "sonhos que nunca morrem".

A solução encontrada pelo grupo é usar o Dream Pop, estilo de Rock Alternativo baseado em melodias intensas de guitarras conduzidas por uma voz introspectiva, mais para "dentro" da música, simulando timidez e melancolia, algo chamado hoje em dia de "Rock Triste" por alguns ouvintes mais jovens.

O diferencial do Adorável Clichê é ir além desse formato e investir em guitarras mais poderosas, percussões intensas, melodias envolventes e uma voz que se entrega, criando no ouvinte uma necessidade de cantar junto, com os olhos fechados e a mão apertando o peito, devido à carga emocional que as canções do grupo possuem, alcançando um som classificado como Emo, mas sem cair nos vícios de alguns grupos famosos desse gênero de Rock.

Os clichês amorosos são superados de forma adorável em "fogo", queimando uma paixão ruim para não apagar a própria personalidade; "devagar", construindo paciência e confiança contra inseguranças amorosas; "medo", enfrentando traumas que transformam uma relação em algo tóxico; "amarga", com os versos "não finjo bem, eu só existo na sua depressão", e "as coisas mudam pra melhor", usando um frágil otimismo para vencer a culpa, a solidão e a sensação de que o Amor se tornou algo banal.

4) Oeil - "Dream Within A Dream" (HANDS AND MOMENT)

Shoegaze, Dream Pop - Tóquio / Japão



Diz a lenda que, mais cedo ou mais tarde, my bloody valentine, uma das bandas mais importantes do Shoegaze, vai lançar um disco inédito após muitos anos em silêncio.

Enquanto a profecia não se realiza, um casal de amigos japoneses está fazendo algo muito parecido com o som do my bloody valentine. Essa dupla se chama Oeil, e, depois de vários EPs e muitos anos deixando os fãs na expectativa, estão lançando seu primeiro disco cheio chamado "Dream Within A Dream".

O álbum tem algumas músicas que poderiam estar em um disco novo do mbv, como as faixas iniciais "Born Again" e "Iridescence", entretanto em "Owl Moon" o grupo dá um passo adiante e inclui um pouco mais de textura ao seu Rock, se aproximando do som do Smashing Pumpkins ou do Rock Indie Anos 90 em geral, e segue para outros lugares do Rock Alternativo, como o Jangle Pop cheio de belas melodias em "After the Rain" e "Myrtle".

Todas essas variações musicais, do Shoegaze ao Jangle Pop, de my bloody valentine a Smashing Pumpkins, se reúnem com perfeição em "Strawberry Cream", uma das músicas mais gostosas de 2024.

5) Planeta Vermelho - "Dois é Par" (Independente)

Rock, Grunge, Hard Rock, Stoner - Sete Lagoas / Minas Gerais



Enquanto o mundo do Rock mainstream parece inóspito, com pouca ou nenhuma novidade em relação a grupos utilizando o Pop de Guitarras para fazer algo interessante, um outro lugar no universo musical apresenta sinais de vida: o Rock Independente, espaço no qual é possível encontrar música de verdade no Planeta Vermelho, banda de Rock de Sete Lagoas, interior de Minas Gerais.

A mais recente aventura desse grupo é o álbum "Dois é Par", com diversos exemplos de um Rock poderoso que as grandes rádios e os algoritmos não conseguem entregar aos ouvintes. 

Esse poder consiste em uma estratégia presente em várias faixas desse disco: criar uma atmosfera envolvente com letras intrincadas e suspenses sonoros que, em algum momento, decolam, ganham potência graças à força do Power Trio que pilota a banda e explodem em uma mistura cósmica de Stoner, Grunge, Metal e Hard Rock, atingindo o que pode ser chamado de "Space Rock", graças a "riffs" de guitarra que poderiam estar na trilha de um bom filme de suspense espacial.

Algumas regiões do Planeta Vermelho merecem ser exploradas pelo ouvinte: "Wilson", música com levada dançante e refrão forte; "Guela", faixa pesada com um final hipnótico; "3355", feita para ser ouvida em volume alto e cantada aos berros, e "Caminho Reverso", uma espécie alienígena de "Música Caipira Espacial" que revela toda sua energia quando se transforma em um Stoner Hard Rock colossal.

6) Glitterer - "Rationale" (Independente, Anti)

Grunge + Rock Eletrônico - Washington D.C. / Estados Unidos



Um dos estilos de Rock mais tensos, raivosos e arrastados que existe é o Grunge, famoso por suas letras dramáticas, acompanhadas de guitarras ásperas e percussões pesadas, com interpretações melancólicas e rancorosas.

Do outro lado, o tipo de Rock mais feliz que conhecemos é o "Indie" tocado por bandas que furaram a bolha do Rock Independente, fizeram sucesso em festinhas e até hoje são destacadas em playlists relacionadas à felicidade e ao bom-humor.

No meio disso está Ned Russin, um roqueiro quase falido que, com muita solidão, angústia e ideias represadas, decidiu abrir o notebook, plugar o baixo e soltar a voz em algumas canções que viraram alguns EPs, que geraram apresentações ao vivo, no início só com Ned e seu computador, depois com uma banda inteira, fazendo turnê pelos EUA.

Nesta encruzilhada, Ned, ou melhor, Glitterer, o nome de seu grupo, apresenta músicas que tem a tensão, a raiva e as incertezas das canções do Nirvana, Stone Temple PilotsAlice In Chains com a ironia e o êxtase emocional de hits tocados pelo The Killers e pelo Bloc Party.

Se você não está conseguindo imaginar essa mistura, não tenha medo nem ansiedade, pois "Rationale", o novo disco do Glitterer, tem faixas que estão entre as mais divertidas de 2024, como por exemplo, "I Want To Be Invisible", "Plastic" e "My Lonely Fighting", músicas que vão te colocar para dançar com um sorriso no rosto usando uma camisa do "Nevermind" no peito.

7) Oruã - "Passe" (Transfusão Noise Records)

Rock Afro-Psicodélico, Lo-Fi Noise Rock - Baixada Fluminense / Rio de Janeiro



Música, além de ser uma forma de Arte e entretenimento, também é uma energia capaz de colocar nossos corpos em transe, nossas mentes em delírios cósmicos e nossa alma em um estado elevado, pois alguma mensagem é passada por essa magia sonora, algo que você sente de forma concreta, mas é um poder abstrato difícil de explicar.

Esse tipo de viagem musical é o que o Oruã propõe em seu novo álbum, "Passe", com letras inspiradas em assuntos pesados como a História do Brasil e suas consequências no cotidiano do povo brasileiro, caminhando para algo espiritual, envolvendo as religiões de origem africana (Candomblé e Umbanda), até alcançar um Rock Psicodélico maravilhoso, transcendental, algo que parece um Tame Impala menos Pop e mais mágico, com elementos do Lo-Fi Noise Rock, tipo de som baseado em guitarras cheio de ruídos, vozes abafadas e outras características que não são um defeito, mas uma estratégia para criar uma Música que parece um sonho, uma lembrança, um segredo...

Vale a pena ouvir "Real Grandeza" e sua guitarra áspera liderando um Rock dançante com uma mensagem sobre certas hipocrisias sociais; "Caboclo" e seu "riff" de guitarra que vai ficar na sua cabeça, com uma letra fazendo referência às religiões africanas e reforçando um discurso feito por Nina Simone, e "Ramais", um Rock para fechar o corpo contra todo o mal.

8) Storefront Church - "Ink & Oil" (Independente)

Pop Rock Sinfônico - Los Angeles / EUA



Tanto quanto Hollywood está próxima de Los Angeles, a música de Lukas Frank, que se apresenta como Storefront Church, está próxima das trilhas dos grandes filmes, sucessos de bilheteria e vencedores de vários prêmios e estatuetas douradas.

"Ink & Oil", seu novo trabalho, é um dos discos mais bonitos de 2024, dramático, emocionante, prende o ouvinte ao som da mesma forma que uma boa série mantém o espectador hipnotizado por vários episódios cheios de reviravoltas épicas, conduzidos por uma mistura de Pop e Rock mergulhados em arranjos grandiosos, dignos de orquestra, com violinos, metais e sopros, pianos e interpretações que poderiam figurar em um musical da Broadway.

A faixa "Faith In Oil" poderia estar na abertura de um novo filme de James Bond, enquanto "Coal" parece saída de um filme de Guerra ou de Terror, criando um suspense angustiante sobre o futuro da humanidade contra o monstruoso aquecimento global e a poderosa ganância econômica que o alimenta.

De maneira mais simples, mas não menos dramática, "Burn The Roses" é o equilíbrio perfeito entre Pop, Rock e arranjos orquestrais, resultando em uma das canções mais lindas do ano, estrelando um solo de guitarra que, como um bom espetáculo, consegue ser, ao mesmo tempo, belíssimo e doloroso.

9) Sérgio Pererê - "Canções de Outono" (Independente, dist. Tratore)

"Sofrência", Samba, Forró, Afro Pop - Belo Horizonte / Minas Gerais



Sérgio Pererê é um importante cantor e multi-instrumentista mineiro que construiu em sua carreira uma sonoridade marcante, baseada na Música Afro-Latina Ancestral.

Ultrapassando as fronteiras de sua própria Música, Pererê resolveu explorar de forma particular um tema batido, o Amor, mais especificamente a "Sofrência", porém engana-se quem acha que Sérgio se rendeu ao sertanejo agro-pop que domina as paradas de sucesso.

Em seu novo disco, "Canções de Outono", o músico fala sobre esse assunto explorando diversos gêneros populares como Forró, Tango, Ciranda e Samba enquanto mantém sua essência sonora tocando tambores, flautas e marimbas para criar canções românticas que, mesmo usando sentimentos e expressões que nós já ouvimos milhões de vezes em vários estilos musicais, conseguem alcançar novas formas de atingir nossos corações.

Com o auxílio de grandes cantoras brasileiras, Sérgio Pererê faz um lindo buquê de músicas com dependências emocionais e livramentos amorosos em faixas como "SUBMUNDO", uma "capoeira" com a participação da maravilhosa Letrux, dando uma rasteira em alguém tóxico que não aceita que o relacionamento amoroso acabou faz tempo; "SEGUINDO EM FRENTE", uma balada com Fernanda Takai sobre a difícil liberdade de estar sozinho após um rompimento afetivo, e "QUE FALE DE CHUVA", uma canção alegre com Lia de Itamaracá para lavar a alma e renovar as esperanças em um encontro com esse sentimento (quase) perdido chamado Amor.

10) KOKOKO! - "BUTU" (Independente, Transgressive Records Ltd.)

Techno Punk, Afro Eletropop - Quinxassa / República Democrática do Congo



A capital onde há o maior número de falantes da língua francesa não é Paris, sede dos Jogos Olímpicos de 2024, mas Quinxassa, capital da República Democrática do Congo, ex-Congo Belga e ex-Zaire, que não deve ser confundido com o vizinho Congo, que tem o mesmo nome, mas é outro país. Quinxassa tem 14 milhões de habitantes, é sete vezes mais populosa que Paris e uma das maiores cidades africanas, junto a Lagos, na Nigéria e Cairo, no Egito.

Dessa metrópole, que tem seus problemas naturais de superpopulação, violência e pobreza, somados às injustiças políticas e econômicas típicas dos países africanos, surge um grupo chamado KOKOKO!, criando a partir de instrumentos feitos no improviso e na gambiarra uma Música Eletrônica visceral, hipnotizante como um ritual, dançante como a melhor festa da sua vida.

"Butu" é o novo manifesto sonoro do KOKOKO!, iniciado pela faixa "Butu Ezo Ya", que transforma as buzinas de motos e vans do trânsito infernal de Quinxassa em samples e elementos eletrônicos para uma Música cheia de energia, abrindo os trabalhos para pedradas como "Mokili", canção forte, engraçada, envolvente, com reviravoltas que farão você dançar horrores na frente de todo mundo ou dentro da sua imaginação, seguida de "Mokolo Likambu", fazendo das tripas, coração, e da desesperança um belo hino em meio ao cenário caótico do Congo e da África, uma sonoridade que, caso não fosse um Oceano Atlântico no meio do caminho, se encaixaria perfeitamente na realidade do Brasil.


Pois bem, esta é a lista com Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Julho). Quando aparecerem novos discos bacanas no Brasil e no Mundo, eles entrarão para a próxima lista do Ouvindo Notas!

Playlist do post:

Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Julho)

Leia também: 

Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Junho) 

(com Black Pantera)

Playlist com as Melhores Músicas do ano:

As 330 Melhores Músicas de 2024

Playlist com todas as referências musicais que apareceram no Ouvindo Notas neste ano:

Ouvindo Notas em 2024

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Até a próxima!

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Comentários

  1. Salve Julio ! Boas dicas, apreciadores de música boa o Planeta Vermelho merece ser conferido em todo Brasil !

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    1. Concordo, o Planeta Vermelho é uma banda de Rock surpreendente, tem que tocar no Brasil todo!

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