Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Junho)


O antirracismo ganhou forças por meio da música em 2024, graças à potência sonora do Black Pantera, ao surgimento de um novo Rock no coração da África e à experimentação de uma cantora que escapou da maldição de ser "nepo-baby" para criar um jeito próprio de se expressar musicalmente.

Ao mesmo tempo, o Shoegaze se consolidou como a salvação do Rock por causa de representantes brasileiros que desafiaram o conceito de "Rock Triste" e de uma jovem californiana que abençoou nossos ouvidos com um Dream Pop angelical.

Além disso, artistas veteranos ensinaram beleza e suavidade a esse ogro chamado Rock 'N' Roll, por meio do Jangle Pop e do Rock Argentino, e pernambucanos e mineiros utilizaram Reggae e Forró para criar viagens sonoras cheias de alegria e esperança.

Essas novidades musicais estão todas aqui, na lista com Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Junho).

Vamos começar com, simplesmente, a banda mais importante e necessária do Brasil nos últimos anos.


1) Black Pantera - "PERPÉTUO" (Deck)

Punk, Hardcore, Metal, Funk Rock, Rap - Uberaba / Minas Gerais



Existe uma cura para o racismo, ela se chama Black Pantera.

O grupo de Uberaba, Minas Gerais, que era apenas um projeto em 2015 e uma revelação na cena musical em 2020, passou por uma "Ascensão", lançando um dos melhores álbuns de Rock Nacional em 2022 e se apresentando em festivais como Lollapalooza e Rock In Rio.

Depois da consagração, veio o desafio de superar as expectativas e a chance de consolidar um discurso antirracista que precisa ser "Perpétuo", nome do mais recente trabalho do Black Pantera.

Nesse novo disco, Funk, Rap e uma canção melancólica, mas cheia de esperança, se juntam ao crossover explosivo de Punk, Hardcore e Metal, que são a base do som do grupo, criando músicas sensíveis e brutais, repletas de referências sonoras, caso da faixa "FUDEU", que parece uma mistura de Red Hot Chili Peppers, Arctic Monkeys, Sabotage, Public Enemy e Sepultura.

Com essa trajetória, o Black Pantera confirma seu posto como uma das bandas mais importantes da Música Brasileira atual, tanto pela fama, que o grupo merecidamente conquistou depois de muito trabalho, quanto pela defesa de um Brasil e de um planeta sem racismo, afinal de contas "todo mundo já foi preto um dia".

2) Mdou Moctar - "Funeral For Justice" (Matador Records)

Afro Rock, Hard Rock, Heavy Metal Psicodélico - Agadez / Níger

No coração da África, bem no meio do deserto do Saara, está o Níger, um dos países mais pobres do mundo. 

A maior parte de seu território é puro deserto e o que sobra de terra fértil é utilizado para plantar alimentos como feijão e cebola, porém o recurso natural mais importante do país é o urânio, explorado por empresas francesas que destroem o solo do Níger, conseguem o que querem e deixam para trás alguns centavos, que se acumulam nos bolsos da elite da nação, aumentando a miséria sofrida pelo povo nigerino.

Além da pobreza, o Níger sofre com golpes antidemocráticos, políticos corruptos e terrorismo interno e externo, combinado com fanatismo religioso.

Todas essas desgraças reunidas sufocam quem vive neste país esquecido pelo mundo e obrigam seus habitantes a utilizarem como arma um recurso que, em momentos de crise, ganha força em vez de ser extinto: a arte.

No caso do Níger, estamos falando de música, mais especificamente de Afro Rock do Deserto do Saara, uma cena cultural muito rica, revelando nessa região pobre e desgastada nomes interessantes de um novo Rock criado naquele local, que tem como maior destaque Mdou Moctar, guitarrista virtuoso fã de Eddie Van Halen e chamado pela respeitada publicação inglesa The Guardian como o "Jimi Hendrix do deserto".

Mdou Moctar dá o nome a sua própria banda, composta por ele, um norte-americano e mais dois nigerinos, em um quarteto clássico de bateria, baixo e duas guitarras. O som deles parte de referências como Led Zeppelin e absorve a música local, herdeira de um ritmo "quebrado", típico da África, e das melodias transcendentais da cultura árabe, dominante, desde a Idade Média, na região do norte africano.

O resultado é uma música de protesto, contra as injustiças e hipocrisias que destroem o Níger e praticamente todos os países da África, transformando o rancor histórico em um Hard Rock com solos de Heavy Metal Psicodélico acompanhados por um batuque frenético e guitarras poderosas como uma tempestade de areia contra um exército de covardes.

No novo disco do Mdou Moctar, chamado "Funeral For Justice", entre uma fúria musical e outra, há belas canções em forma de Blues que nos transportam para um fim de tarde no Saara, sentados em um tapete, descalços, tomando um chá, admirando o pôr do sol e esperando que o futuro do Níger, da África e do Mundo seja tão brilhante e bonito quanto as estrelas no céu do deserto.

3) Uai Sound System (UAISS) - "Universo" (Independente)

Reggae, Dubstep, Dancehall, Rap - Belo Horizonte / Minas Gerais



Representando Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, o Uai Sound System, ou simplesmente UAISS, consolida a sua longa trajetória, levando Cultura e boa Música para o centro, a periferia e todas as praças e ruas mineiras, lançando o álbum "Universo", com ótimos exemplos de Reggae, potencializados pelas rimas incendiárias do Rap e pelas batidas eletrônicas pesadonas do Dubstep e do Dancehall.

O objetivo principal do UAISS é alcançado em seu "Universo": levar aos nossos ouvidos, mentes, corações e almas visões sobre acreditar no futuro e nas próximas gerações, queimar a "Babilônia" e não se tornar um alienado digital e espalhar a mensagem que fará todo mundo lutar em uma batalha pacífica, artística e inteligente contra as vaidades, egoísmos e corrupções destruidoras da nossa felicidade, para que depois, manos, minas e monas possam curtir o baile da vitória em paz, com respeito e muito amor.

4) WILLOW - "empathogen" (Three Six Zero, gamma)

Jazz Pop, Jazz Rock - Los Angeles / Califórnia



WILLOW, filha de Will Smith e irmã do "são-paulino" Jaden Smith, tem uma carreira no mínimo curiosa.

Aos dez anos de idade, em 2010, ela estourou com o hit "Whip My Hair", que foi uma música viral naquele ano. Depois, aos onze, fez sucesso com a faixa "21st Century Girl", que teve direito a um videoclipe megaproduzido que passava na MTV e atualmente está "escondido" no YouTube.

Provavelmente, o excesso de sucesso com dois hinos Pop logo no início da carreira somados à imaturidade, à falta de experiência no ramo e à loucura que deve ser pertencer a família Smith obrigaram WILLOW a procurar novos rumos.

Nos trabalhos seguintes, a partir de 2015, ela tentou fazer sucesso com um R&B alternativo, algo como o que Solange, irmã de Beyoncé, conseguiu na mesma época. Dessa fase saiu a música "Wait a Minute!", que foi ressuscitada ao viralizar no TikTok, primeiro em 2019 e depois em velocidade 2x em 2022. Em seguida, WILLOW passou por uma transição sonora, saindo desse R&B e chegando ao Rock, para depois entregar dois discaços de Pop Punk, "latety i feel EVERYTHING", um dos melhores álbuns de 2021, e "<COPINGMECHANISM>", de 2022.

Agora, em 2024, toda essa montanha-russa musical se transformou em um trabalho que demonstra maturidade, sabedoria e coragem.

Aos 24 anos de idade, WILLOW lança seu novo disco, chamado "empathogen", apresentando um Pop sofisticado, com elementos de Jazz e, às vezes, referências à Bossa Nova. Há também uma inspiração na música de Fiona Apple e seus arranjos complexos e envolventes, comandados por uma interpretação vocal autêntica e visceral.

Outras duas inspirações participam diretamente de "empathogen": Jon Batiste, que abre o disco com "home", um Urban Jazz elegante, e St. Vincent, que faz um dueto com WILLOW na belíssima faixa "pain for fun", uma das melhores músicas do álbum.

Vale a pena destacar também as faixas "false self" e "between i and she", que se parecem com Pop Punk, mas sem o protagonismo da guitarra, se sustentando em uma ótima combinação de voz e bateria.

O que WILLOW vai aprontar em seus próximos discos nós não sabemos, mas com certeza ela é uma das artistas jovens mais interessantes de se acompanhar atualmente, não importa qual caminho musical ela escolha explorar e revolucionar.

5) Mombojó - "Carne De Cajú" (Independente)

Rock, Psicodelia, Power Pop - Pernambuco



Mombojó, banda pernambucana que surgiu em 2004 e faz uma mistura de Indie Rock, Bossa Nova, Jovem Guarda e Rock Anos 60, lançou uma bela homenagem a Alceu Valença: o disco "Carne De Caju", com releituras de ótimas canções desse artista que é um dos grandes nomes da Música Brasileira

As 8 faixas de Alceu escolhidas pelo Mombojó nesse tributo ganharam um sabor especial, graças a temperos diferentes adicionados às texturas originais, criando uma nova suculência sonora.

Alguns dos frutos colhidos dessa mistura são "Estação Da Luz", que é um clássico com rabecas e violinos na voz de Alceu Valença e virou um Power Pop ensolarado cheio de teclados nas mãos do Mombojó; "Amor Que Vai", que saiu de um ritmo mais contemplativo, ganhou mais peso e se tornou um Punk Pop; "Romance Da Bela Inês", com um arranjo vocal que leva a canção original a um estado mágico; "Tomara", transformando um amor utópico em algo bem-humorado por causa de um solo de guitarra inusitado e engraçado, e "Olinda", encerrando o disco com um Funk Psicodélico, como se os franceses do Air, o pessoal do Stereolab e o Kevin Parker do Tame Impala tivessem passado as férias no Pernambuco durante um verão quente, delirante e transcendental e se juntassem para fazer música indiana cósmica.

Vale a pena saborear "Carne de Caju", uma delícia para quem quiser ouvir canções clássicas brasileiras com um molho gostoso de caldo de cana caiana, generosamente colocado pelo Mombojó, ao mesmo tempo que desperta um apetite enorme em conhecer as versões originais criadas pelo mestre Alceu Valença.

6) Sebastián Arpesella - "Deriva" (Geiser Discos)

Power Pop, Rock Argentino - Buenos Aires / Argentina




O Rock'N'Roll costuma se impor aos nossos ouvidos por meio de uma estratégia agressiva, exagerada e com o uso repetitivo da língua inglesa para transmitir suas mensagens. Porém, é possível fazer um Rock bonito, tranquilo, em outros idiomas e na medida certa para agradar nossos tímpanos sem que a gente fique surdo.

Um bom exemplo disso é o argentino Sebastián Arpesella, que em seu primeiro disco, "Deriva", entrega um Rock em espanhol (castelhano) com belas melodias, uma voz suave, mas cheia de emoção, e guitarras com som delicado e, ao mesmo tempo, potente, colocando suas músicas em algum lugar entre o psicodélico e o Soft Rock, entre clássicos do Rock Argentino, como Fito Paez, Spinetta e Gustavo Cerati, e pérolas do Power Pop, como as baladas dos escoceses do Teenage Fanclub.

Essa elegância sonora serve de base para Sebastián Arpesella cantar sobre o Amor de forma melancólica e encantadora, sem cair nos clichês do Pop e do Rock que transformaram sentimentos amorosos em uma sofrência quase constrangedora.

A faixa "Malentendido", por exemplo, fala sobre continuar gostando de alguém, mesmo em um relacionamento cheio de inquietações, inseguranças e "pedras que voltam a cair"; "Chloe" é um teste para que a outra pessoa decida de uma vez por todas se vai continuar amando ou vai ficar presa "na suspensão entre o desejo e a ação" e "Around You" tem um "spoiler" dizendo que o Amor vai acabar, basta aceitar o fim dele e transformá-lo em uma nova Amizade.

Sebastián Arpesella pode nos deixar à "Deriva" com um Rock que troca tsunamis de barulho por ondas sonoras elegantes, navegando por sentimentos belos e instáveis, entretanto suas canções possuem uma força suave, um vento que nos mostra a direção para onde podemos amadurecer emocionalmente, escutando músicas com o coração.


7) Verbase - "Febre De Primavera" (Mobília Music / Agente Digital)

Indie Rock, Pop Rock, Folk, Grunge, Shoegaze - Ubá / Minas Gerais



Se existe uma banda brasileira que pode fazer sucesso tanto no "mainstream" do Rock comercial quanto no universo Indie do Rock Alternativo, esse grupo é o Verbase, formado em 1994 na cidade de Ubá, Minas Gerais, e que passou por mudanças de nome, idioma e de integrantes, até se fixar como um Power Trio cantando em bom Português.

O som dos caras tem um pé no Pop Rock que escutamos, por exemplo, no Skank e no Capital Inicial, intensificado pelo som mais denso encontrado no Grunge, enquanto o outro lado do grupo está apoiado em uma sonoridade entre a Psicodelia e o Shoegaze, passando por melodias do Country Rock.

O novo álbum deles, "Febre de Primavera", desabrocha essas cores musicais em faixas como "Miração", com uma melodia de guitarra que conquista o ouvinte na hora; "Febre De Primavera", um Shoegaze lindo feito para todo mundo cantar junto, e "Não venha me decepcionar", um Country Pop Rock perfeito para tocar nas rádios.

Além disso, as músicas "Rotina", um Grunge gostoso de ouvir; "Angélica", uma declaração de amor psicodélica, e "Recriando Contos", um Folk simpático e ensolarado, mostram que a Verbase é um dos grupos mais versáteis do Rock Brasileiro atual.

8) The Reds, Pinks and Purples - "Unwishing Well" (Tough Love / Slumberland Records LLC)

Jangle Pop - São Francisco / Califórnia




Sucesso e fracasso podem, às vezes, ser a mesma coisa. 

Vejamos o caso de Glenn Donaldson, de São Francisco, Califórnia. Ele queria ser um astro do Rock, mas dentro da bolha da música Indie. De fato, ele conseguiu participar de algumas bandas que ganharam destaque na cena de São Francisco, porém não conseguiu ir mais longe do que isso e suas canções caíram no esquecimento. Ou seja, Glenn obteve sucesso no mundo musical, entretanto fracassou em não conseguir levar sua música para o resto do mundo.

A forma encontrada por ele para superar seus sucessos fracassados foi criar o máximo de músicas possíveis e lançar vários trabalhos frequentemente, em uma atividade quase terapêutica na forma de uma banda chamada The Reds, Pinks and Purples, projeto no qual Glenn Donaldson desabafa sobre os traumas e as frustrações do paradoxo que é ser um músico consagrado com pouco reconhecimento.

Desde 2019, ele vem lançando pelo menos um disco por ano, em 2022 foram três discos, em 2023 foram mais dois, desta vez com elogios em publicações Indie como a Pitchfork, e, até agora, Junho de 2024, o cara já lançou dois álbuns e o melhor deles se chama "Unwishing Well", com várias canções sobre as dores de ser um artista defendendo sua música em um mundo que parece não estar pronto para ela.

Esse disco tem faixas com títulos melancólicos como "Learning To Love a Band" (Aprendendo a amar uma banda), "Your Worst Song Is Your Greatest Hit" (Sua pior música é o seu maior hit) e "We Only Hear The Bad Things People Say" (A gente só ouve as coisas ruins que as pessoas dizem). São canções com nomes rancorosos o suficiente para qualquer um jogar a toalha e desistir da carreira, mas, contra isso, Glenn encontrou uma salvação: o Jangle Pop.

Jangle Pop é um tipo de Rock que investe nas melodias, em vez de se apoiar em "riffs", que são repetições de pequenos acordes ao longo da canção, algo que ouvimos em "Satisfaction" dos Rolling Stones, por exemplo. O nome "jangle" vem da canção "Mr. Tambourine Man", original de Bob Dylan e reconstruída pelo The Byrds, banda que, junto com os Beatles, são os dois primeiros defensores do Jangle Pop.

Mais tarde, R.E.M., The Cure e The Smiths se utilizaram do Jangle Pop para catapultar suas carreiras e alcançar o sucesso fora do mundo Indie, com suas músicas sendo tocadas inúmeras vezes em rádios e aplicativos de música até hoje.

É assim que o The Reds, Pinks and Purples encontra sua oportunidade de expandir seu público, combinando a ternura de suas letras com belas melodias, dentro da sonoridade Rock e chegando além, pois outras instituições da música Indie, como o Noise Pop, Shoegaze, Dream Pop e Pós-Rock são utilizadas por Glenn Donaldson em suas canções.

Com essa estratégia, torcemos para que ele continue produzindo mais e mais músicas cheias de beleza, tanto na letra quanto na melodia, para conseguir o espaço que merece, afinal de contas, da mesma forma que Jimi Hendrix, The Strokes e diversos artistas americanos, que tiveram que fazer sucesso primeiro na Inglaterra para depois estourarem em terras estadunidenses e no resto do mundo, o The Reds, Pinks and Purples já ganhou uma apresentação especial na BBC, importante rede de rádio e televisão inglesa, o que mostra que Glenn Donaldson está conseguindo o que merece, agora só falta ele conquistar você.

9) Tristeza Não Tem Fim - "Felicidade Sim" (Vitor Brauer)

Shoegaze, "Rock Triste" - Governador Valadares/MG, Londrina/PR, Goiânia/GO



Sentimentos são paradoxais, ou seja, são dois elementos contrários que se complementam e criam algo coerente. Esse é o caso do novo álbum do Tristeza Não Tem Fim, chamado "Felicidade Sim". O nome do grupo e desse disco são inspirados em um sucesso de Tom Jobim que inspira uma mistura de emoções essencial para esse trio formado pelo multi-homem do Indie Rock Brasileiro, Vitor Brauer, acompanhado de Crile, do Lutre, grupo de Rock Alternativo, e Lay, do Tuyo, trio vocal de Pop e R&B.

O paradoxo estabelecido pelo Tristeza começa na sonoridade ruidosa, áspera, confortável e delicada que consiste em um Shoegaze, estilo musical chamado genericamente de "Rock Triste", mas que, neste caso, nos leva para um sentimento agradável de saudade, melancolia e arrependimento, contraditoriamente causando uma sensação boa, pois, na tristeza, existe uma ternura, revelada pela voz de Lay e sua interpretação intensa e emocionalmente frágil.

Nem todo Shoegaze é "Rock Triste", e nem todo "Rock Triste" é sinônimo de Shoegaze, mas, quando guitarras barulhentas, melodias doces e uma voz tímida e poderosa atingem nosso coração em músicas como "Forgive", sobre traição e recomeço; "Cachoeira", descrevendo a trilha para se encontrar na solidão, e "Antes do Amanhecer", questionando a capacidade do Amor em se repetir e durar o máximo possível, percebemos a existência de um paradoxo sonoro que nos faz sentir, ao mesmo tempo, tristeza e felicidade sim.

10) Wisp - "Pandora" (Music Soup / Interscope Records)

Shoegaze, Dream Pop - São Francisco / Califórnia



O Rock'N'Roll é um fantasma que está ganhando a chance de reencarnar graças a um gênero musical encontrado no Rock Alternativo: o Shoegaze, estilo que recentemente abençoou o Brasil com novas bandas, como terraplana, gorduratrans e sonhos tomam conta, e revelou novos nomes lá fora, como a Wisp, de São Francisco, Califórnia.

Wisp lançou recentemente seu novo trabalho, o EP "Pandora", uma caixinha de música que guarda um Shoegaze exemplar, nos moldes do My Bloody Valentine e do Slowdive, e influenciado por bandas que fizeram as pontes entre esse estilo e o Grunge e o Nu Metal, caso de Smashing Pumpkins e Deftones, o que pode classificar o som da Wisp como "Grungegaze" e também Emo, se considerarmos o teor das letras, cheias de decepções amorosas, corações feridos e asas arrancadas.

Somando essas influências com a estratégia básica do Shoegaze, colocando vozes tímidas e belas melodias atrás de uma parede de guitarras explosivas, a Wisp alcança o paraíso sonoro em músicas como "Luna" e "Mimi", com ruídos eletrizantes e sussurros nos conduzindo para um Dream Pop recheado de momentos angelicais, enquanto a faixa "Pandora" é uma canção perfeita, uma das melhores do ano, você vai querer ouvir várias e várias vezes, revelando que a redenção para os pecados do Rock'N'Roll, amaldiçoado pelas suas burrices e repetições, é uma esperança no fundo da caixa, protegida por um anjo tocando Shoegaze.


É isso, a lista com Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Junho) termina por aqui, porém, assim que novos trabalhos brazucas e gringos surgirem e forem legais o suficiente para a gente conhecer, eles estarão em uma próxima lista do Ouvindo Notas!

Playlist do Post: Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Junho)

Leia também: Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Maio)

Playlist com as Melhores Músicas do ano: As 250 Melhores Músicas de 2024

Playlist com todas as referências musicais que apareceram no Ouvindo Notas em 2024: Ouvindo Notas em 2024

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Até a próxima!

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Comentários

  1. Ótimos trabalhos! Importante Seleção. Potencializando e fazendo chegar a gente grupos, bandas e artistas com magníficos feitos que muitas vezes não chegam aos nossos ouvidos... Realmente Belos Álbuns!

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    1. Obrigado Gordaum Uaiss, a missão é essa, divulgar e potencializar boas músicas que merecem um espaço tão grande quanto a qualidade delas. Valeu pelo comentário!

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