Os 50 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024

Os discos que consolidaram Black Pantera como a banda mais importante da Música Brasileira e Amaro Freitas como um dos músicos de Jazz mais influentes do mundo.

As obras-primas que trouxeram de volta o The Cure e um outro tipo de  Radiohead chamado The Smile; o manual hipnótico de Música Eletrônica nas ondas de Jamie xx; o "hype" do Fontaines D.C. e o encontro de Liam Gallagher, não com seu irmão, mas com seu verdadeiro ídolo musical.

O rapper Kamau mostrando que não está para brincadeira, enquanto o mestre Lô Borges encontra a poesia da vida em um "Tobogã" e os moleques do Boogarins se divertem no Rock Psicodélico de "Bacuri".

Tudo isso e muito, mas muito mais, está aqui na lista com "Os 50 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024" do Ouvindo Notas.

Vamos começar com a melhor banda da Música Alternativa dos últimos tempos se esforçando em diversos estilos de Indie Rock para conquistar seu coração.

50º Fontaines D.C. - "Romance" (XL / 32 County Love Train)

Pós-Punk, Indie Rock - Dublin / Irlanda

Quem gosta de Rock e ainda não conhece o Fontaines D.C. está desatualizado.

Eles se consolidaram como a melhor banda de Pós-Punk dos últimos tempos com os excelentes álbuns "Dogrel" (2019) e "A Hero's Death" (2020) e se tornaram, depois do U2, a maior banda irlandesa em atividade, graças ao ótimo disco "Skinty Fia", de 2022.

Após atingir o topo do Indie Rock mundial, faltava para o Fontaines D.C. "furar a bolha" e alcançar um sucesso mais amplo.

As estratégias para conseguir esse objetivo estão reunidas em "Romance", álbum com diferentes formas de entregar um som mais acessível, com videoclipes usando a estética brat de Charli XCX para chamar atenção e músicas fazendo referências ao Hip-Hop do Gorillaz e às guitarras distorcidas do Blur, Oasis e Smashing Pumpkins, alternando para o Dreampop de Beach House, Slowdive e Tame Impala e se aproximando do som do "AM" do Arctic Monkeys.

Além disso, há canções inspiradas tanto em Coldplay e Lana Del Rey quanto em R.E.M., The Smiths e The Cure, caso da ótima faixa "Favourite", que combina muito bem "The Boy With The Thorn In His Side" e "Friday I'm In Love".

Se todos esses esforços musicais contribuíram para que mais pessoas escutassem o Fontaines D.C., talvez só o tempo e o show deles no Lollapalooza de 2025 poderão dizer, mas é inegável que esses irlandeses estão tentando de tudo para engatar um "Romance" com você.

49º Boogarins - "Bacuri" (ONErpm)

Rock Psicodélico - Goiânia / Goiás

Direto do centro do país, os goianos do Boogarins comprovam que ainda são uma das maiores bandas de Rock Psicodélico do Brasil e do Mundo em seu novo disco "Bacuri", lançado no fim de Novembro de 2024.

A molecagem do Boogarins nesse trabalho é amadurecer sua sonoridade psicodélica com elementos de Rock Progressivo, Música Eletrônica, Clube da Esquina e Sertanejo Raiz Goiano em faixas como "Chrystian & Ralf (Só Deus Sabe)", uma homenagem à dupla caipira mais afinada e subestimada do Brasil, e "Amor de Indie", que não tem nada a ver com o The Strokes, mas é uma referência à bela canção "Amor de Índio", de Beto Guedes, que foi membro do Clube da Esquina e parceiro de Milton Nascimento, o qual, com o seu álbum "Minas", inspirou várias músicas do "Bacuri".

Nesse disco, os Boogarins colhem os frutos de uma longa jornada dentro do Rock Alternativo estrangeiro e nacional em canções com todos os integrantes se revezando nos vocais, entre solos transcendentais de teclado e guitarras que poderiam estar nos melhores trabalhos do Pink Floyd, colocando os bacuris do Boogarins nas listas de melhores álbuns do ano.

48º Cold Gawd - "I'll Drown On This Earth" (Dais Records)

Shoegaze - Rancho Cucamonga / Califórnia



Shoegaze é uma prisão. Esse é o lema do Cold Gawd, banda que representa esse estilo, mas quer fugir dele criando um outro tipo de som, que revela ser uma fuga em círculos.

"I'll Drown On This Earth", ou, em uma tradução livre, "eu vou me afogar nesta Terra", é o novo álbum do grupo californiano originário de Rancho Cucamonga (sim, é sério, essa cidade existe, não fica longe de Los Angeles), que apresenta em suas primeiras faixas belos exemplos de Shoegaze, com direito a camadas sonoras cheias de melodias de guitarras, inundando o ouvinte com percussões pulsantes e vozes melancólicas em canções intensas e envolventes.

O plano de fuga do Cold Gawd é forçar o Shoegaze até algo próximo ao Heavy Metal e depois esfriá-lo em uma música ambiente abstrata.

Na prática, o que ouvimos é uma sequência espetacular de New Metal, Emocore, Dreampop, hipnoses, sonhos sensuais e redenções enquanto fugimos em um túnel sonoro tão introspectivo e profundo quanto um bom Shoegaze deve ser.

47º Sofia Freire - "Ponta Da Língua" (Independente)

Eletropop - Recife / Pernambuco



Representando Recife, Pernambuco, Sofia Freire faz um Eletropop com letras bonitas e inteligentes, dentro de uma sonoridade inspirada em nomes como Björk e Kate Bush.

Sofia usa sua bela voz em canções sobre personalidades cósmicas, encontros eróticos entre o cibernético e o orgânico e "explodir o teto para que só o céu lhe cobrisse a cabeça".

46º Kim Gordon - "The Collective" (Matador Records)

Trap Rock - Nova Iorque / EUA



O que te causa mais ansiedade? A hipótese da humanidade ser destruída pela Inteligência Artificial ou ficar sem Internet e perder as atualizações do seu "feed", "time line" e "stories"?

Se você ficou bugado com essa dúvida, então seja bem-vindo a "The Collective", obra-prima absurda e espetacular da diva Kim Gordon, guitarrista, vocalista e fundadora do Sonic Youth.

Kim vai te colocar em um estado de transe e angústia, em uma combinação de batidas eletrônicas e distorções de guitarra, comandadas pela voz sedutora e gelada de Gordon, semelhante ao som de assistentes de voz como Alexa e Siri, explodindo no ouvinte uma atmosfera de alerta, arrogância e perda da própria identidade.

Aceitar o convite para seguir "The Collective" significa se sentir "grandão sem medo", como se você tivesse mitado ou lacrado para cima de um otário na caixa de comentários de um "post", mas, ao mesmo tempo, vai sentir que "algo de errado não está certo", pois você sabe que a vida que você expõe na Internet não corresponde à sua realidade.

45º Lô Borges - "Tobogã" (Deck)

Soft Rock, Psicodelia - Belo Horizonte, Minas Gerais



Com mais de 50 anos de carreira e lançando seu sexto álbum inédito em seis anos seguidos, Lô Borges se inspira no livro de memórias do pai e nos versos da poetisa Manuela Costa para construir seu "Tobogã", um álbum repleto de versos lindos brincando com o sobe e desce da vida ("sim, sim, sim, sim, sim, sim / é o segredo da vida"), com viagens e destinos ("Todo chão é casa / Se o céu é coração"), e com a fluidez do tempo e a solidez da amizade ("Se o tempo escorre / Por suas mãos / Estendo as minhas / Sem pretensões").

Saindo da poesia e entrando na música, Lô Borges escorrega em seu "Tobogã" um Soft Rock inspirado nas canções de Paul McCartney e George Harrison, com algumas cambalhotas na Psicodelia do Pink Floyd e no Funk Americano dos anos 70.

44º Cloud Nothings - "Final Summer" (Pure Noise Records)

Indie Rock, Hardcore, Pós-Punk, Power Pop, Noise Rock - Cleveland, Ohio / EUA



Banda importante do Indie Rock nos últimos 15 anos, o Cloud Nothings lançou seu novo disco, "Final Summer", uma obra-prima com diversos exemplos de um Rock poderoso, construído por uma bateria que possui uma força entre o Heavy Metal e o Hardcore, um baixo que tem o ruído do Punk e o groove do Pós-Punk e guitarras que alternam entre as melodias lindas do Power Pop e os solos distorcidos do Noise Rock, funcionando muito bem no ataque sonoro dessa que é uma das melhores bandas de Rock deste milênio.

43º Augusta Barna - "Na Miúda" (Independente)

Soul, Funk Americano, Samba Rock - Minas Gerais



A voz bela e poderosa de Augusta Barna combina com a sua personalidade de mulher empoderada, fera de garras afiadas e artista plena em sua maravilhosa mistura de Soul, Funk Americano, Samba Rock e Hip Hop no seu álbum "Na Miúda".

Apesar do título, o disco de Augusta expõe uma cantora poética, que se rasga e se entrega, em canções cheias de personalidade que fazem referências à Tulipa Ruiz e Paula Lima, Amy Winehouse e Ms. Lauryn Hill, Banda Black Rio e Tim Maia.

42º Liam Gallagher & John Squire - "Liam Gallagher & John Squire" (Warner Music UK)

Blues Rock Psicodélico - Manchester, Inglaterra



Bem, enquanto o Oasis não desembarca aqui no Brasil para os shows que, se eles cumprirem a difícil tarefa de não brigarem entre si, acontecerão na capital paulista no fim de 2025, podemos nos distrair com o encontro de Liam Gallagher e John Squire, idolo tanto de Liam quanto de Noel Gallagher e guitarrista de uma banda fundamental para o Rock Alternativo Inglês e mundial: o The Stone Roses, grupo que, junto com Primal Scream, The Smiths e outros nomes, foi importante na formação do Britpop, o Indie Rock Inglês que deu origem a bandas de sucesso mundial como o Blur e o próprio Oasis.

Nesse encontro do discípulo Liam e do mestre John, o ponto de equilíbrio entre o Rock transcendental do The Stone Roses e o barulho maravilhoso do Oasis é um Blues Rock Psicodélico com ótimos momentos que resultam em pérolas do Pop de Guitarras, caso da canção "Mars To Liverpool", simplesmente uma das músicas mais fáceis, legais e bonitas de 2024, feita para ser ouvida várias vezes até a (provável) chegada dos irmãos Gallagher aqui no ano que vem.

41º Montanee - "Recalling Dreams" (ForMusic Records)

Hard Rock -  Rio de Janeiro /  RJ



O Rock Brasileiro está bem representado pelos cariocas do Montanee, que lançaram um EP chamado "Recalling Dreams", com quatro ótimos exemplos do que esse Power Trio botafoguense é capaz de entregar: uma combinação poderosa de Hard Rock, Grunge, Blues e Stoner Rock, em um som cantado em inglês que se aproxima da intensidade de grupos como Highly Suspect, Royal Blood, Queens Of The Stone Age e Foo Fighters.

40º SUN ATLAS - "RETURN TO THE SPIRIT" (Mocambo Records)

Afro Jazz Funk Psicodélico - Los Angeles / EUA

Sun Atlas é um misterioso coletivo de Jazz, baseado em Los Angeles, Califórnia, mas que pode ser visto fora dos palcos americanos, seja em apresentações na Europa ou na África.

O novo álbum do grupo, "RETURN TO THE SPIRIT", é uma viagem hipnotizante pelo Jazz Psicodélico, com sonoridades cósmicas percorrendo o Afrobeat e o Funk Americano, passeando por planetas tropicais habitados por marimbas e xilofones, lembrando a nossa música latina, enquanto o Sun Atlas e suas belas melodias de saxofones, trombones e trompetes nos transportam para dimensões sonoras dançantes, envolventes e maravilhosas. 

39º Fantástico Caramelo - "Nas Colinas Astrais" (Fantástico Caramelo / Shake Music)

Pop Rock, Rock Eletrônico, Psicodelia - Santa Catarina



"Nas Colinas Astrais" é o novo disco do Fantástico Caramelo, uma das melhores bandas do Pop Rock Brasileiro atual.

O recheio sonoro do grupo é um creme de Psicodelia e Rock Eletrônico, tocados por uma combinação intensa de guitarras, teclados e sintetizadores, criando uma mistura deliciosa de Rock Progressivo, Disco Music, Surf Rock, Reggae Latino e Indie Rock, com sabores diversos que vão de Pink Floyd a Djavan.

38º Oeil - "Dream Within A Dream" (HANDS AND MOMENT)

Shoegaze, Dream Pop - Tóquio / Japão

Depois de vários EPs, anos de expectativa entre os fãs e muitos arquivos corrompidos recuperados, o casal de amigos japoneses Oeil finalmente conseguiu lançar seu primeiro disco cheio, "Dream Within A Dream", um ótimo álbum de Shoegaze recheado de músicas cremosas inspiradas no som do my blood valentine, mas que não se limita a isso, pois a dupla entregou faixas com mais texturas sonoras, se aproximando da crocância dos sucessos do Smashing Pumpkins, além de apresentar ótimos exemplos de Jangle Pop, um estilo de Rock Alternativo marcado pela doçura de suas melodias.

Essa mistura de cremosidade, abóboras amassadas, crocância e doçura alcança o máximo de sabor sonoro em Strawberry Cream, uma das músicas mais gostosas do ano.

37º Oruã - "Passe" (Transfusão Noise Records)

Rock Afro-Psicodélico, Lo-Fi Noise Rock - Baixada Fluminense / Rio de Janeiro



Transcendendo o conceito de arte e transformando música em uma energia de elevação espiritual, o grupo carioca Oruã faz jus ao nome de seu novo disco, "Passe", e abençoa o ouvinte com um Rock profundo, com vocais sussurrados mergulhados em uma fumaça sonora psicodélica recheada com riffs ásperos de guitarras, grooves hipnotizantes no baixo e percussões que colaboram em formar uma névoa musical que entrelaça problemas amorosos pessoais com maldições da herança histórica brasileira para criar uma proteção espiritual, abrindo nossos caminhos e fechando o corpo de quem ouve Oruã contra todo o mal.

36º Hinds - "VIVA HINDS" (Lucky Number)

Indie Rock, Power Pop - Madri / Espanha

Com certeza, um dos movimentos mais importantes para assegurar o futuro do Rock é o surgimento de mulheres tocando guitarra, cantando e liderando novas bandas.

Um ótimo exemplo desse novo Rock Feminino é a dupla espanhola Hinds, que lançou um dos discos mais divertidos do ano, "VIVA HINDS", com participações de Beck e Grian Chatten, vocalista do Fontaines D.C., a banda mais "hypada" do Indie Rock atual, além de várias faixas tanto em inglês quanto em espanhol, unindo Power Pop com New Wave e construindo o caminho para um Rock mais solto, feliz e bonito.

35º Vitor Brauer - "Tréinquinumpára 03: Goiânia" (Independente)

Rock Alternativo - Governador Valadares / Minas Gerais



Determinado em sua missão de fazer um disco de Rock para cada capital do Brasil, Vitor Brauer, uma das figuras mais interessantes do Rock Alternativo Nacional, lançou o terceiro álbum de seu projeto "Tréinquinumpára", que, após passar por Maceió, Alagoas e pelo Rio de Janeiro, chegou à Goiânia, onde Vitor repetiu a estratégia utilizada nas outras capitais, se unindo à cena independente local para criar músicas novas.

No caso goiano, Brauer misturou sua especialidade, o "Rock Triste", uma espécie de Shoegaze atmosférico, barulhento e melancólico, com a Moda de Viola e o Sertanejo Raiz locais, caso das faixas "Boca de Sacola" e "Saudade", cover de Chrystian & Ralf; com o Pós-Punk na excelente música "Black Spiral Dancers", talvez uma referência ao lendário grupo de Stoner goiano Black Drawing Chalks, e com o Hardcore delirante em "Goiânia, Cidade Aberta".

Todas essas misturas sonoras alcançam o auge em um dos melhores exemplos do estilo de Rock que Vitor Brauer defende, na didática canção "Césio", um desabafo emocional sobre as tragédias sociais e um relato histórico que deveria cair no ENEM.

34º J Mascis - "What Do We Do Now" (Sub Pop)

Power Pop, Noise Rock - Massachusetts, EUA



Correspondente a um terço do Dinosaur Jr., banda importantíssima para o Rock Indie e fundamental na construção do som que o Nirvana apresentou em sua carreira, J Mascis lançou seu novo trabalho solo "What Do We Do Now?", com ótimas pérolas Pop com a beleza do Folk e do Country e o poder avassalador de solos de guitarra dignos do Heavy Metal.

33º Kamau - "Est..." (Plano Audio)

Rap - São Paulo / SP



O ano de 2024 foi marcado por vexames no mundo do Rap, incluindo discussões e festas brancas derrubando Drakes e Diddys de seus tronos e revelando o quanto o mundo do Hip-Hop está contaminado por pessoas que estão no topo, mas não se importam com a cena.

Enquanto isso, Kamau, rapper veterano, da mesma época de nomes como Emicida e Rashid, entrega, no seu segundo disco em 2024, intitulado "Est...", reflexões e rimas espertas, inteligentes e surpreendentes sobre o contraste entre a existência e as aparências, o compromisso com o Rap de verdade e os planos surreais que colocam líderes cruéis no poder, tudo ao som de beats perfeitos, criando a estrutura sonora ideal para versos sagazes abordando a ganância ("olho grande não enxerga melhor"), o aprendizado pessoal ("conhecimento é perna, vontade é asa") e o paradoxo de encontrar um refúgio para nunca se acomodar ("onde é preciso estar para ser, como é preciso ser para estar").

32º Ride - "Interplay" (Wichita Recordings)

Dream Pop, Indie Rock - Oxford, Inglaterra



Grupo muito importante na trajetória do Indie Rock Britânico e do Shoegaze / Dreampop, o Ride decidiu, em seu novo disco "Interplay", dar um "rolê" por outras sonoridades canônicas do Rock, incluindo, em suas novas músicas, ótimas referências à história desse estilo musical, caso da ótima faixa "Peace Sign", que lembra o Power Pop da primeira fase dos Beatles; "Monaco", canção parecida com o som do New Order e do próprio Monaco, banda criada pelo baixista Peter Hook quando saiu do New Order e formou outro grupo, famoso pelo hit "What Do You Want From Me?", e "Portland Rocks", que se encaixa na sonoridade épica de grandes sucessos do U2.

Com tantas referências bacanas, "Interplay" é, em 2024, um ótimo passeio pelos melhores momentos do Rock Clássico.

31º Verbase - "Febre De Primavera" (Mobília Music / Agente Digital)

Indie Rock, Pop Rock, Folk, Grunge, Shoegaze - Ubá / Minas Gerais



Combinando muito bem a sonoridade do Pop Rock "mainstream" com diversos estilos de Rock Alternativo, a banda Verbase mostra que tem potencial para conquistar diferentes grupos de ouvintes de Rock, graças a um alicerce sonoro muito bem construído em seu novo álbum, "Febre de Primavera".

O grupo passeia por um jardim de referências que incluem belos exemplos de Pop Rock, Grunge, Psicodelia, Shoegaze e Country Rock, em uma série de músicas cheias de beleza e potência, que fazem do Verbase a banda mais versátil do Rock Nacional.

30º Wishy - "Triple Seven" (Winspear)

Shoegaze, Dream Pop, Rock Alternativo Anos 90, Grunge - Indianápolis / EUA



Cansado de perder tempo apostando em novas bandas de Rock que não dão conta do recado?

Tente a sorte com Wishy, novo grupo americano que reúne os melhores momentos do Rock anos 90 em seu som.

O disco de estreia deles, chamado "Triple Seven", distribui suas fichas em músicas com sonoridades que vão do Shoegaze ao Pop Punk, passando pelo Dream Pop, Noise Rock, Power Pop, Grunge e Britpop, com resultados lucrativos em canções semelhantes aos sucessos de The Smiths, The Cure, R.E.M., Blur, Oasis, Smashing Pumpkins, New Radicals, my bloody valentine, Weezer e Nirvana.

Com todas essas cartas na manga, Wishy prova que não possui apenas sorte de principiante, na verdade essa nova banda de Rock tem todas as jogadas perfeitas para ganhar o seu coração. Duvida? Pode apostar!

29º sonhos tomam conta - "corpos de água" (Longinus Recordings)

Shoegaze, Sambagaze - São Paulo



O Shoegaze inundou o Rock Alternativo nos últimos anos, funcionando como o colete salva-vidas da Música Indie, tanto lá fora quanto no Brasil.

Uma das representantes do Shoegaze Nacional é a paulista Lua Viana, que se apresenta como sonhos tomam conta e lançou, em 2024, seu quarto disco, intitulado "corpos de água".

Após navegar pela sonoridade do Hyper Rock, estilo musical que mistura Shoegaze com Drum 'N' Bass, Emo e muito barulho, a sonhos tomam conta decidiu concentrar seu fluxo apenas no Shoegaze, mas com uma correnteza diferente.

Em "corpos de água", acompanhamos uma música que começa aos pingos, inspirada na cantigas de Dorival Caymmi, nos Afro-Sambas de Baden Powell e Vinícius de Moraes e na Bossa Nova de Tom Jobim, até acumular volume suficiente para correr em um rio de Shoegaze, desaguando no mar revolto do Death Metal, com trovões percussivos, maremotos de guitarra e berros colossais, formando uma onda sonora gigante que vai lavar a sua alma e tomar conta de seus sonhos.

28º BADBADNOTGOOD - "Mid Spiral" (XL / Innovative Leisure)

Jazz, Funk, Rock, Samba - Toronto / Canadá



Enquanto artistas Pop enganam os fãs com uma espécie de "Brazilian Money", utilizando estereótipos do nosso estilo de vida para ganhar fama e dinheiro, os canadenses do BADBADNOTGOOD transformam os elementos que tornaram a Música Brasileira popular no mundo todo em belos exemplos de Jazz Contemporâneo, no seu novo disco "Mid Spiral".

O álbum, dividido em três capítulos (Order, Chaos e Growth), apresenta um Jazz incrementado pela sonoridade do Rock, Funk, Soul, Gospel e Psicodelia, sempre fazendo referência à Música Latina e ao som tipicamente brasileiro, em faixas tocando "Forró Jazz" e "Samba Funk", lembrando o som de mestres como Hermeto Pascoal, Artur Verocai e a Banda Black Rio, fazendo de "Mid Spiral" um disco bom, muito bom, nada mal.

27º samlrc - "A Lonely Sinner" (samlrc's Flowerfields)

Shoegaze, Post-Rock, Folk, Dream Pop, Indie Rock - Pernambuco / Brasil



A melhor forma de vencer o inimigo é se tornar tão forte quanto ele? E se essa força adversária for um tipo de crueldade que vai te transformar em uma pessoa pior?

Esses questionamentos são levantados pela jovem artista samlrc, que direto de seu quarto em algum lugar de Pernambuco, criou o álbum "A Lonely Sinner", um dos discos mais surpreendentes de 2024.

As músicas desse disco contam a história de uma ovelhinha, que quer pular a cerca e enfrentar os lobos que estão lá fora, mas comete o pecado de querer ser tão forte quanto os predadores que ameaçam sua vida.

Depois de algumas canções introspectivas, com samples de Björk, desenhos infantis e do jogo de terror "Silent Hill", a pequena ovelha implora por mais força, e, em meio a um ataque musical de guitarras próximas do Heavy Metal, entra em uma catarse, misturando a adrenalina da luta e da fuga em um rompante sonoro.

Nas músicas seguintes, essa ovelha insiste em fugir, ao som de um ótimo Indie Rock, e consegue escapar para um sentimento de beleza e redenção, fora da raiva do som áspero do Rock, mas dentro das cercas de belos arranjos de violinos, em uma sonoridade parecida com a encontrada em animes, ou finais felizes de desenhos de aventura.

Em resumo, samlrc entregou, em "A Lonely Sinner", o melhor disco de Pós-Rock Brasileiro de 2024, com elementos de Rock Progressivo somados ao Folk, Noise Rock e ao Dream Pop.

Se samlrc incluísse marimbas nas melodias, se aproximaria do som do Tortoise; se cantasse em islandês, pareceria as canções do Sigur Rós; se focasse apenas nos espasmos de guitarras, seria o Mogwai ou o Explosions In The Sky, mas essa ovelha não precisa imitar os grandes lobos do Pós-Rock, pois samlrc encontrou a melhor música de todas: o som da liberdade.

26º Slomosa - "Tundra Rock" (Stickman Records)

Stoner Rock - Noruega



No deserto da Califórnia, surgiu uma cena musical nos anos 90 que defendia um Rock baseado no som do Black Sabbath, especialmente no disco "Master Of Reality".

A psicodelia dark, característica marcante do som do Black Sabbath, intensificada pelo contato com os cactos e as areias dos desertos californianos, deu origem a um som febril, hipnotizante e poderoso que conhecemos hoje como Stoner Rock, estilo musical que se tornou famoso graças a diversas bandas, principalmente o Queens Of The Stone Age.

Atualmente, do outro lado do mundo, lá na Noruega, uma outra cena, derivada dos grupos de Ozzy Osbourne e Josh Homme, se formou nos desertos gelados noruegueses, desabrochando, em meio a vegetação rasteira local conhecida como tundra, um outro tipo de Stoner Rock, chamado na Noruega de Tundra Rock.

O melhor exemplo dessa cena é o grupo Slomosa, que lançou o seu novo álbum, "Tundra Rock", com ótimas canções explodindo ritmos pesados, guitarras ásperas, baixos cheios de groove e vozes delirantes, fazendo do Slomosa uma das melhores bandas de Stoner Rock da atualidade.

25º Planeta Vermelho - "Dois é Par" (Independente)

Rock, Grunge, Hard Rock, Stoner - Sete Lagoas / Minas Gerais

Enquanto a procura por novas formas de vida no universo do Rock continua sem resultados satisfatórios, os mineiros do Planeta Vermelho brilham no céu com um Rock Cósmico, usando o combustível do Hard Rock para decolar rumo a dimensões sonoras cheias de Grunge, Metal e Psicodelia, explodindo um Space Rock cinematográfico cheio de suspense e reviravoltas poderosas, em uma viagem interestelar entre a "Música Caipira Alienígena" e um Stoner Rock colossal.

24º The Smile - "Wall Of Eyes" (Self Help Tapes / XL)

Rock Sofisticado, Afrobeat, Krautrock, Eletrônica - Inglaterra



Durante a pandemia, Thom Yorke e Jonny Greenwood resolveram se unir e formar um novo grupo, com menos pessoas, para evitar aglomeração e agilizar o lançamento de canções inéditas.

Esse novo grupo foi chamado de The Smile, e, com a presença do ótimo baterista Tom Skinner, se fechou como um trio, sem a presença dos outros integrantes do Radiohead, banda de origem de Thom e Jonny.

O primeiro álbum deles saiu em 2022, chamado "A Light To Attracting Attention", e realmente chamou a atenção da mídia especializada, ganhou uma resenha especial aqui no Ouvindo Notas, mas parece não ter despertado o interesse do fã médio de Radiohead.

Um dos motivos pra esse desinteresse é o fato do primeiro disco do The Smile funcionar como  uma tese de Mestrado, revisando os melhores momentos do Radiohead, mas sem o rótulo do grupo famoso pelo mega sucesso "Creep".

A partir disso surge uma espécie de distanciamento entre quem se diz fã do Radiohead e quem teve a benção de conhecer o The Smile, pois o projeto paralelo decidiu dobrar a aposta e apresentar canções que vão além das conquistas artísticas do Radiohead.

Em, "Wall Of Eyes", segundo disco do The Smile, lançado em Janeiro de 2024, Thom, Jonny e o outro Tom ultrapassam as barreiras e os impasses do Radiohead adicionando uma camada extra de frustração e cinismo à melancolia  típica da banda conhecida pelo disco "Ok Computer", além de colocar novas inspirações sonoras retiradas tanto da música orquestral de câmara, quanto da música cinematográfica, duas especialidades de Jonny Greenwood, e elementos de Afrobeat, Rock Africano e da psicodelia progressiva do Krautrock.

Três resultados desse avanço musical chamam a atenção, o Pop lindo e gelado de "Friend Of A Friend", o Afro-Krautrock cósmico de "Under Our Pillows" e a obra-prima "Bending Hectic", que começa na Bossa Nova e no Folk e cria uma viagem sonora até mergulhar na Música Orquestral Polonesa e em "A Day In The Life" dos Beatles até explodir em um Heavy Metal que, somados a tudo que foi apresentado em "Wall Of Eyes", fazem do The Smile uma Pós-Graduação avançada em Radiohead.

23º Uai Sound System (UAISS) - "Universo" (Independente)

Reggae, Dubstep, Dancehall, Rap - Belo Horizonte / Minas Gerais



Uai Sound System é uma equipe de Reggae que monta os Sound System, paredes com caixas de som e outros equipamentos, em locais diversos de Belo Horizonte e região, seja nos bairros centrais ou na periferia, pois a missão do grupo é espalhar a música como elemento transformador da realidade para a construção de uma sociedade mais justa.

Além de montar a aparelhagem sonora, o UAISS, sigla que define o grupo, também cria ótimas músicas autorais abordando, em seu novo álbum "Universo", diversos estilos relacionados ao Reggae, como Dubstep, Ragga e Dancehall, potencializados por batidas eletrônicas pesadonas lideradas por um Rap cantado tanto por homens como por mulheres, defendendo a queda da Babilônia sustentada por alienação digital, vaidades e preconceitos, que devem queimar no fogo da esperança e das boas vibrações do Reggae.

22º Nubiyan Twist - "Find Your Flame" (Strut Records / K7 Music)

Afro Pop, Afro Beat, Neo Soul, R&B, Funk - Leeds, Londres / Inglaterra



Um dos álbuns mais quentes de 2024 é "Find Your Flame", do grupo inglês Nubiyan Twist.

O disco é um ótimo exemplo de boa música, com uma super banda de nove integrantes apresentando um furacão sonoro de Soul, Funk e R&B somados à intensidade do ritmo e dos metais de sopro da música africana, graças à participação de Seun Kuti, grande nome do Afrobeat, além de uma dose extra de groove, com a luxuosa presença de Nile Rodgers, mestre da Disco Music, potencializando letras sobre continuar enfrentando as desigualdades do mundo sempre mantendo o fogo da sua determinação e a chama da vida acesos.

21º Bonifrate - "Dragão Volante" (Independente / dist. Tratore)

Rock Psicodélico - Paraty / Rio de Janeiro



"Dragão Volante" é o novo disco do Bonifrate, nome artístico de Pedro Franke, artista de Paraty, litoral fluminense, e membro da banda Supercordas, famosa no cenário Indie Rock brasileiro dos anos 2000.

Em seu álbum solo, Bonifrate apresenta uma música cheia de detalhes, arranjos de violinos, teclados psicodélicos e sintetizadores com sons de naves espaciais costurando uma atmosfera sonora moderna e, ao mesmo tempo, resgatada dos anos 60, enquamto o diálogo entre o violão do Folk e solos de guitarra transcendentais ilustram a voz macia de Bonifrate e suas letras intrincadas, com rimas misteriosas e surpreendentes.

20º Yannis & The Yaw feat. Tony Allen - "Lagos Paris London" (Transgressive Records)

Afrobeat, Rock - Londres / Inglaterra



Yannis é o vocalista e guitarrista da banda Foals, conhecida por adicionar ao Indie Rock dos anos 2000 elementos de Afro Beat, alcançando sucessos como "My Number".

Antes da pandemia, Yannis teve a oportunidade de trabalhar com Tony Allen, importante baterista que ajudou o lendário músico Fela Kuti a consolidar o Afro Beat, uma espécie de Jazz Africano que influenciou a música da Europa e do mundo a partir dos anos 70.

Algumas músicas foram gravadas, mas, infelizmente, Tony Allen faleceu em 2020 e Yannis ficou encarregado de terminar o trabalho, que em 2024 ganha vida com o EP "Lagos Paris London", apresentando ótimas canções com a percussão, os ritmos e os trombones e trompetes da música africana adicionando uma camada extra de potência aos beats eletrônicos, à entrega vocal de Yannis e ao ótimo Dance Rock que resulta desse encontro musical incrível. 

19º Lílian Rocha - "DO NILO" (Independente / dist. Tratore)

Afro Pop, Samba, Jazz - São Paulo



Defendendo as raízes africanas do Brasil e da Música Brasileira, Lílian Rocha apresenta sua bela voz em "Do Nilo", o melhor disco de MPB de 2024.

Lílian navega por um rio de referências musicais, partindo do Samba de Gafieira, passando pelo Jazz, Rock e Mambo até chegar a um Afro Pop gostoso, dançante e emotivo, onde desembarca para alcançar um dos objetivos do disco: cantar sobre a Améfrica, essa miscigenação cultural e histórica que é uma das bases do Brasil, um país que, apesar de ainda se concentrar no eixo Rio-São Paulo, nasceu, de acordo com Lílian Rocha, no "Ventre Minas".

18º KOKOKO! - "BUTU" (Independente, Transgressive Records Ltd.)

Techno Punk, Afro Eletropop - Kinshasa / República Democrática do Congo



No centro da África, na República Democrática do Congo, está a cidade de Kinshasa, capital desse país e a metrópole onde há o maior número de falantes da língua francesa no mundo, superando Paris.

Marcada pela poluição e pelo trânsito infernal, os habitantes precisam sobreviver usando a primitiva arte do improviso, construindo, a partir de sucata, os objetos do cotidiano.

Desse improviso surgiu a dupla KOKOKO!, que, com base em instrumentos musicais improvisados, criou uma sonoridade eletrônica, Punk, dançante e muito poderosa.

O novo álbum da dupla, intitulado "BUTU", representa a cena musical local sampleando buzinas de vans no trânsito e sons da vida noturna para entregar músicas com ritmos eletrônicos vibrantes e interpretações viscerais, emocionadas e autênticas, em um tipo de som que, se não fosse por um oceano de distância, faria um sucesso enorme no Brasil.

17º PLUMA - "Não Leve a Mal" (Rockambole)

Pop, Soul, Disco Music, Jazz Eletrônico - São Paulo / SP



Um dos melhores álbuns do Pop Brasileiro em 2024 pertence ao PLUMA, grupo paulistano que estreou com "Não Leve a Mal", disco que coloca o som da banda em uma base de Funk e Dance Music com momentos de Bossa Nova, Drum 'N' Bass, Jazz Alternativo e Psicodelia, resultando em uma sonoridade dançante e envolvente que combina muito bem com os sucessos de nomes como Rita Lee, Daft Punk e Tame Impala, criando condições para o PLUMA decolar no futuro do Pop nacional.

16º Nada Surf - "Moon Mirror" (New West Records)

Rock, Indie, Power Pop - Nova Iorque / EUA



Nada Surf não é uma banda de Surf Music, mas um nome importante do Rock Alternativo desde os anos 90 e um ótimo exemplo de que é possível fazer Rock com beleza nas melodias e vozes sem perder a potência que tantos ouvintes exigem desse estilo musical.

"Moon Mirror", novo disco do grupo, ilumina nossos sentimentos com belas canções baseadas em lindas melodias, construídas em guitarras poderosas, reforçadas por vozes carismáticas em uma massa sonora que explode uma energia positiva intensa em músicas que nos ajudam a superar as contradições da vida e encontrar qual é a nossa luz própria.

15º Tagore - "Barra De Jangada" (Selo Estelita)

Rock Popular Nordestino, Forró Rock - Jaboatão Dos Guararapes / Pernambuco



Enquanto as novelas brasileiras atuais sofrem para conquistar a audiência e as reprises de folhetins antigos atingem recordes de público, o pernambucano Tagore resgata o clima de sucessos como "Tieta" e "Mulheres de Areia" em seu novo disco "Barra de Jangada".

O álbum possui uma sonoridade que mistura Rock com Psicodelia e elementos de Forró, criando uma espécie de "Forrock" muito gostoso de se ouvir, em que a voz de Tagore, temperada pelo delicioso sotaque pernambucano, somada ao som de guitarras cortantes, teclados ensolarados e ritmos frenéticos, nos transporta para uma cena de sofrência divertida em algum bar no litoral nordestino, em meio a cervejas e caixas de som enormes tocando só as pedradas de artistas como Fagner e Alceu Valença.

14º Seun Kuti, Egypt 80 - "Heavier Yet (Lays The Crownless Head") (SKE80 / Record Kicks)

Afrobeat, Jazz - Lagos, Nigéria



Seun Kuti é filho de Fela Kuti, um dos maiores músicos de todos os tempos, responsável pelo sucesso do Afro Beat, uma espécie de Jazz Africano que ajudou a injetar a sonoridade da África na música Europeia e mundial nos anos 70.

Liderando o pessoal do Egypt 80, ótima banda de Afro Beat da qual Seun Kuti faz parte desde criança, ele utiliza sua bela voz para cantar sobre guerreiros enfrentando as pressões de um mundo injusto e utilizando a força dos ancestrais para derrotar quem pretende acumular poder para dar continuidade a um mundo desigual.

O novo álbum deles, "Heavier Yet (Lays The Crownless Head)", ou, em uma livre tradução, "Ainda mais pesado (Deitando no chão a cabeça sem coroa)", conta com o reforço de Damian Marley e Sampa The Great para transformar a luta por um mundo com menos reis corruptos e mais democracia e diversidade em uma música envolvente, com percussões, guitarras, trombones e trompetes defendendo a sonoridade típica da África em canções que nos enchem de uma energia positiva que está entre a esperança e a felicidade.

13º Adorável Clichê - "sonhos que nunca morrem" (Balaclava Records)

Rock, Dream Pop, Emo - Blumenau / Santa Catarina



Unindo elementos de Shoegaze, Dream Pop e Emo, os catarinenses do Adorável Clichê criam um Pop Rock pronto para agradar diversos públicos, que vão se encantar com "sonhos que nunca morrem", o novo álbum do grupo. 

As músicas desses sonhos falam sobre problemas amorosos, incluindo versos como "eu só existo na sua depressão" e expressam os sentimentos de culpa, solidão e medo, alimentando um frio emocional conveniente, que se acumula e explode em "Fogo", uma das melhores músicas brasileiras de 2024, um grito de liberdade sobre deixar queimar e se espalhar, ardendo em um som intenso, com guitarras poderosas e vozes encantadoras, aquecendo o ouvinte com um calor sonoro maravilhoso.

12º Jamie xx - "In Waves" (Young)

Dance Music - Londres / Inglaterra



Representando um terço do The xx, grupo que fez muito sucesso com um Rock sentimental e minimalista, Jamie xx consolida, em sua carreira solo, seu nome como um dos mais poderosos da música eletrônica em 2024, graças ao hipnotizante álbum "In Waves", um verdadeiro manual sobre como fazer Dance Music nos dias de hoje.

O disco possui faixas com inspiração na Eurodance dos anos 90 e 2000, resgatando elementos de Trance, Drum'N'Bass, House e Psicodelia, com referências a Basement Jaxx, Chemical Brothers e Fatboy Slim, incluindo uma homenagem a "Be My Lover", sucesso da dupla La Bouche no fim do milênio passado; um complemento a "Dancing On My Own" da Robyn e uma visita à sonoridade dos grandes hits de Calvin Harris, transcendendo as fronteiras do Eletropop e colocando o ouvinte em um estado de transe nas ondas sonoras surpreendentes de "In Waves". 

11º Forgotten Boys - "Click Clack" (ForMusic Records)

Garage Rock, Punk, Stoner - São Paulo/ SP



Depois de uma longa ausência, os Forgotten Boys retornam com "Click Clack", álbum repleto de ótimos exemplos de Garage Punk, Hard Rock, Stoner, Glam e Psicodelia, com inspiração especial no Protopunk dos anos 70, reforçando a identidade da banda e comprovando que os Forgotten Boys podem sumir por um tempo, mas nunca serão esquecidos.

10º The Smile - "Cutouts" (Self Help Tapes / XL)

Rock Sofisticado, Afrobeat, Krautrock, Eletrônica - Inglaterra



Talvez o Radiohead lance um novo álbum em um futuro próximo, talvez eles peguem carona no fenômeno Oasis e voltem aos palcos, com shows aqui no Brasil, por que não?

Porém, isso dificilmente vai acontecer, pois Thom Yorke e Jonny Greenwood, os dois principais motores criativos do Radiohead, estão focados em um novo Radiohead, chamado The Smile.

O grupo agora é um trio, formado por Thom, Jonny e Tom Skinner, excelente baterista conhecido pelo ótimo trabalho no Sons Of Kemet, importante grupo de Afro Jazz.

O primeiro disco do The Smile saiu em 2022 e funciona como uma tese de Mestrado, revisando e resumindo os melhores momentos do Radiohead.

Em Janeiro de 2024, foi lançado o segundo disco, "Wall Of Eyes", avançando o som do grupo rumo a novas fronteiras musicais, como se fosse uma tese de Doutorado.

Em Outubro deste mesmo 2024, o The Smile lançou "Cutouts", uma espécie de Pós-Doutorado, Livre Docência, ou simplesmente as sobras de ideias geniais que não couberam nos trabalhos anteriores.

Essas sobras reforçam o que foi entregue desde o primeiro disco e consistem em Thom Yorke apresentando um som melancólico, com ótimas melodias no violão, atmosferas eletrônicas encantadoras, geladas e sinistras feitas no teclado, semelhantes ao som do Vangelis, e um certo groove no baixo quando necessário.

Jonny Greenwood contribui com uma sonoridade cinematográfica, com arranjos de cordas e orquestrações trazendo elementos de música indiana e de música erudita polonesa (!), mas, quando ele pega na guitarra, produz melodias complexas que se aproximam da energia gostosa do Afro Rock e se estendem até a Psicodelia do Krautrock, estilo de Rock Progressivo alemão dos anos 70.

Por fim, Tom Skinner completa toda essa musicalidade com uma percussão que pode ser suave ou vibrante, inspirada no improviso preciso do Jazz ou na vibração disciplinada do Afrobeat, dependendo do que a música de Thom e Jonny precisar para alcançar um nível de sofisticação que talvez algumas canções do Radiohead não tenham encontrado.

Se você não suporta a hipótese do Radiohead ter sido substituído por uma miniatura de si mesmo, vale a pena ouvir "Instant Psalm", com um violão parecido com "Fake Plastic Trees", e "The Slip", com uma guitarra que lembra o surto final de "Paranoid Android", mas essas semelhanças não escondem debaixo do seu nariz que, hoje, o Radiohead se tornou as sobras do The Smile

9º Sugar Kane - "Antes que o amor vá embora" (Deck)

Hardcore - Curitiba / Paraná



O Hardcore brasileiro foi muito bem representado pelos curitibanos do Sugar Kane, que, no álbum "Antes que o amor vá embora", refletem sobre a alienação nas redes sociais, com a ajuda da maravilhosa diva Jup Do Bairro na canção "Agora", uma das melhores músicas nacionais de 2024, e recordam os sacrifícios feitos para manter as amizades, na faixa "Dormi No Chão", com a participação de Badaui, do CPM 22.

Além disso, eles entregam ótimas canções sobre aspectos importantes da vida, como memória, paixão e determinação, em um esforço constante para superar a hipocrisia dos outros e lidar com planos, perdas e conquistas, ao som de um excelente Hardcore melódico, aproveitando a vida antes que o elemento mais importante da nossa existência desapareça.

8º Glitterer - "Rationale" (Independente, Anti)

Pós-Hardcore, Grunge, Rock Eletrônico - Washington D.C. / Estados Unidos



Pós-Hardcore é um estilo musical que tem como base o Hardcore, mas que se abre para outros elementos musicais, escapando do som muito repetitivo de algumas bandas do Hardcore.

Alguns exemplos de Pós-Hardcore são grupos como Replacements, Fugazi e Hüsker Dü, conhecidos por músicas intensas, porém com um pouco mais de melodia e outros truques musicais que os diferenciam do som mais bruto de bandas como Black Flag ou Dead Kennedys.

Em 2024, o melhor exemplo de Pós-Hardcore foi entregue de forma brilhante pelo Glitterer, em seu novo disco "Rationale", colocando na estrutura bruta do Hardcore doses daquele Grunge que encontramos no Nirvana (com algumas referências a "Smells Like A Teen Spirit", por exemplo) e melodias incríveis que poderiam estar nos melhores Rocks Eletrônicos do New Order ou do The Killers.

O resultado é um disco cheio de músicas excelentes, que conseguem transmitir sons e sentimentos intensos, de forma eficiente, em faixas que, na média, duram menos de dois minutos, enquanto o ouvinte está dançando com um sorriso no rosto e uma camisa do "Nevermind" no peito.

7º Apeles - "ESTASIS" (Balaclava Records)

Rock, Eletropop - São Paulo / SP



O calvário de quem se sente sufocado pelas tentações e armadilhas da vida noturna em uma grande cidade é o assunto de "Estasis", álbum de Eduardo Praça, conhecido pelo seu trabalho nas bandas Ludovic e Quarto Negro, que, em carreira solo, batiza a si mesmo como Apeles, nome dado aos discípulos fiéis do apóstolo Paulo e também a uma interpretação da Bíblia que coloca em confronto o Velho e o Novo Testamento.

Confrontos e traições são narrados ao longo de "Estasis" em um caminho que começa na energia da música eletrônica nas primeiras faixas do disco, transforma-se em uma fuga alucinada para o Rap e o Rock nas canções seguintes até chegar a um lugar bucólico, isolado, longe das metrópoles, onde o mártir retratado desde a primeira música do álbum, após percorrer um caminho sonoro de pecados e redenções, alcança o Amor e a Paz no encontro do Folk com um Dream Pop angelical.

6º Aluminum - "Fully Beat" (felte)

Shoegaze, Dream Pop, Psicodelia, Indie Rock - São Francisco, Califórnia / EUA



Enquanto o Oasis não desembarca no Brasil (e os irmãos Gallagher não brigam entre eles de novo), é possível escutar uma nova banda que está resgatando elementos do Madchester, movimento musical de Manchester, que ajudou a consolidar o Britpop, cena que apresentou ao mundo grupos como o Blur e o próprio Oasis.

O Aluminum não é inglês, é de São Francisco, Califórnia, mas entregou em seu disco "Fully Beat" uma série de referências ao The Stone Roses, (banda de quem Liam e Noel Gallagher são fãs), ao Primal Scream e ao Happy Mondays, três bandas fundamentais para o som do Madchester.

Além disso, inspirações em my bloody valentine e Swervedriver reforçam o brilho da música do Aluminum, construindo em "Fully Beat" a mistura perfeita de Shoegaze, Dream Pop, Rock Eletrônico, Pós Punk, Noise Rock e Psicodelia em uma explosão sonora dançante, provocadora e transcendental.

5º Mombojó - "Carne De Cajú" (Independente)

Rock, Psicodelia, Power Pop - Pernambuco



Um dos discos mais gostosos de 2024 é "Carne De Cajú", dos pernambucanos do Mombojó

        Regravando músicas de Alceu Valença com uma camada extra de Indie Rock e Psicodelia, o Mombojó criou um álbum colorido, perfumado e delicioso, feito para se morder com os ouvidos, enquanto teclados espaciais e solos engraçados de guitarra constroem uma mistura do som da Música Nordestina raiz com a herança do Mangue Beat, aumentando o apetite em conhecer as músicas do Mombojó e saborear os sucessos do mestre Alceu Valença.

4º The Cure - "Songs Of A Lost World" (Polydor / Lost Music Limited / Universal Music)

Rock, Pós Rock, Dream Pop - Inglaterra



O século 20 foi uma loucura. Guerras Mundiais, Revoluções Culturais, Avanços Tecnológicos, Crises Ambientais. Foram tantos eventos importantes acontecendo em um curto espaço de tempo, que nós vamos demorar uns 100 anos para entender tudo o que aconteceu.

Bem, desses 100 anos, nós já usamos 25, e o máximo que conseguimos foi repetir os erros do século passado, com novas velhas guerras, outras crises ambientais e mais angústia tecnológica.

Diante disso tudo, vem uma sensação de fim de mundo, que o The Cure consegue expressar muito bem em seu novo e incrível álbum "Songs Of A Lost World".

Quem é ingênuo vai procurar nesse novo disco músicas como "Boys Don't Cry", "Just Like Heaven" e "Friday I'm In Love", porém estas canções são, respectivamente, de 1979, 1987 e 1992, ou seja, todas do século passado.

Hoje, o The Cure está interessado em expressar a desolação de um mundo girando em falso, em ressaca depois de uma festa, ou à deriva, sem rumo, após uma explosão no espaço.

Por isso, a sonoridade do The Cure, em "Songs Of A Lost World", foge do Rock divertido que consagrou o grupo e entra em uma viagem cósmica cheia de teclados psicodélicos, guitarras poderosas, baixos barulhentos e percussões marcantes, guiados pela voz carismática de Robert Smith, para lançar um asteroide sonoro feito da mistura de Pós-Rock com Dream Pop, os quais, somados ao estilo musical que o The Cure construiu durante seus 45 anos de carreira, estabelecem uma atmosfera musical trágica, bonita e muito imersiva.

Um exemplo disso é a faixa "Endsong", que, apesar de falar sobre tristeza, abandono, desânimo e adiantar temas como o fim de todas as canções e a extinção do fogo da vida, em uma música com 10 longos minutos de duração, atinge uma beleza tão mágica que você vai querer ouvir essa pedrada e todo este disco durante várias madrugadas.

3º Amaro Freitas - "Y'Y" (Psychic Hotline)

Jazz, Psicodelia, Música Brasileira - Recife / Pernambuco



O pianista pernambucano Amaro Freitas conseguiu, com "Y'Y" (pronuncia-se yê-yê), lançar, ao mesmo tempo, um dos melhores discos Brasileiros e um dos melhores álbuns Internacionais de 2024.

Um dos melhores discos brasileiros de 2024 porque "Y'Y" é Amaro Freitas transformando a fauna, a flora e o povo da Floresta Amazônica em Música, por meio de um Jazz que mistura elementos clássicos do gênero com brasilidades inspiradas em Luiz Gonzaga, Hermeto Pascoal e outros mestres da Música Brasileira, revolucionando o uso do piano, colocando sementes amazônicas, prendedores de roupa (!) e outros objetos nas cordas do piano, às vezes tocando as cordas com os próprios dedos, ao mesmo tempo que tamborila as teclas e faz do piano um instrumento de percussão e transcendência musical.

Um dos melhores álbuns internacionais deste ano porque toda essa genialidade de Amaro ganhou elogios de grandes publicações estrangeiras como o jornal americano The New York Times e o inglês The Guardian, impulsionando uma turnê internacional em 2024, que levou Amaro Freitas e sua música amazônica, brasileira e universal até os palcos do Japão, onde podemos encontrar, nas melhores lojas de disco japonesas, cópias de "Y'Y" na mesma prateleira de nomes como Naná Vasconcelos e Milton Nascimento.

2º Mdou Moctar - "Funeral For Justice" (Matador Records)

Afro Rock, Hard Rock, Heavy Metal Psicodélico - Agadez / Níger



Impossível ignorar o que está acontecendo no Deserto do Saara: uma nova cena de Rock surgiu por lá e se consolidou, denunciando os problemas sociais da região em forma de música de protesto, misturando elementos de canções do oriente médio com a herança do Afrobeat e do Afro Rock Psicodélico dos anos 70.

Dessa cena riquíssima musicalmente se destaca Mdou Moctar, guitarrista canhoto e virtuoso, fã de Eddie Van Halen e chamado pelos críticos ingleses do The Guardian como o "Jimi Hendrix do deserto".

Mdou Moctar também é o nome de sua banda, que em 2022 lançou o ótimo disco "Afrique Victime" e em 2024 consolida seu trabalho no álbum "Funeral For Justice", expondo as desgraças sociais do Níger, um dos países mais pobres do mundo, afundado no meio do deserto, com agricultura frágil, população miserável, políticos corruptos e a contínua exploração do urânio, sua principal riqueza natural, por parte da França, que utiliza os recursos do Níger para sustentar 75% de sua rede de energia elétrica, enquanto o povo nigerino é abandonado à miséria.

Para denunciar essas desgraças sociais, Mdou Moctar utiliza uma sonoridade avassaladora e transcendental, que poderia ser descrito como um Afro Hard Rock Psicodélico, colocando o grupo no seguinte grau de importância: o som do Mdou Moctar é tão importante para o Níger, para a África e para o Mundo quanto a música do Black Pantera é importante para o Brasil.

1º Black Pantera - "PERPÉTUO" (Deck)

Punk, Hardcore, Metal, Funk Rock, Rap - Uberaba / Minas Gerais



Black Pantera é o nome mais importante do Rock Nacional e da Música Brasileira atual.

O que era apenas um projeto de três caras pretos de Uberaba, Minas Gerais, conseguiu se consolidar como uma banda em 2022 com o excelente álbum "Ascensão" e confirmou seu espaço no Rock Brasileiro neste ano graças ao poderoso disco "Perpétuo".

Essas conquistas são resultados de dois fatores principais: primeiro as letras, empoderadas e acessíveis, misturando assuntos sérios com frases do cotidiano e expressões da Internet, afrobetizando com muita eficiência qualquer ouvinte que caia nas garras do Black Pantera.

Segundo, o grupo não esqueceu da sua maior especialidade: o crossover de Punk, Hardcore e Metal, que, em "Perpétuo", ganha mais poder com a chegada de elementos do Funk, do Rap e até de um pouco de melancolia, que explodem maravilhosamente em músicas com referências a Racionais Mc's, Sabotage, Red Hot Chili Peppers, Arctic Monkeys, Sepultura, Slipknot...

O resultado de tudo isso é a enorme quantidade de alunos que utilizaram trechos de músicas do Black Pantera na redação do ENEM deste ano de 2024, um sinal de que o Black Pantera não é só uma banda de Rock, é o início de uma revolução.

Ufa, essa foi a lista com "Os 50 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024". Ano que vem, o Ouvindo Notas continuará sendo a sua fonte de novidades e dicas musicais com os melhores discos de diversos estilos sonoros do Brasil e do mundo.

Muito obrigado por chegar até aqui. 

Feliz Natal e um excelente Ano Novo! 

Nos encontramos em 2025!

Playlist com os melhores discos do ano: Os 50 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024

Playlist com as melhores músicas do ano: As Melhores Músicas de 2024

Playlist com todas as referências musicais que apareceram no Ouvindo Notas em 2024: Ouvindo Notas em 2024

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Até a próxima!

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