Coldplay - "Parachutes" é um bom disco sobre melancolia e sofrimento amoroso


      O Coldplay é muito conhecido atualmente pelas suas músicas pop, mas nem todos sabem que a banda tinha outra sonoridade quando surgiu nos anos 2000. Após um início focado no rock inglês melancólico e um ponto de virada na trajetória do grupo graças ao álbum "Viva La Vida", eles assumiram uma roupagem pop exagerada que chega a ofender quem conheceu o grupo desde o seu início.

    Vamos analisar, faixa a faixa, álbum a álbum, os diferentes momentos do Coldplay e descobrir qual é a melhor fase dessa banda que foi uma das mais bem sucedidas ao fazer a transição do rock "pós-Britpop" para o pop britânico comercial.

    Para começar, vamos conhecer o disco de estreia da banda, intitulado "Parachutes", lançado em 2000.


1. "Don't Panic" - 10,0


O disco abre com uma música calma e fofa que faz juz ao título "Não entre em pânico". A levada de violão, bateria e piano somada à voz tranquila de Chris Martin conquistam nossos ouvidos enquanto a guitarra de Jonny Buckland adiciona intensidade à música. Talvez ela acabe um pouco cedo demais, mas merece nota 10. 

2. "Shiver" - 10,0


Guitarra e bateria iniciam a música de forma intensa, complementadas pelo sentimento que Chris Martin transmite nessa canção sobre amor platônico. O falsete pode afastar alguns ouvintes, mas serve para consolidar o sofrimento de um amor à distância e elevar a sensibilidade de quem escuta a canção. A guitarra solta algumas notas tristes, mas dançantes e a música se completa como uma balada bonita e intensa. Nota 10.


3. "Spies" - 7,0

"Spies" não tem a mesma intensidade das músicas anteriores e deve funcionar para quem quer relaxar curtindo um momento melancólico, mas a canção é muito longa e não tem a energia necessária para ser ouvida mais de uma vez. Nota 7.

4. "Sparks" - 5,0

Música arrastada e tristonha sobre um relacionamento que não funcionou no passado e talvez não funcione novamente. Delicada, mas chata. Nota 5.

5. "Yellow" - 10,0


Obra-prima do Coldplay, "Yellow" tem bom ritmo, ótima mistura de violão com guitarra e bela interpretação de Chris Martin, complementada pelo backing vocal de seus companheiros de banda. A música fala sobre dedicação amorosa, simbolizando com a cor amarela o brilho das estrelas e a intensidade de uma paixão. Nota 10.


6. "Trouble" - 10,0


Outra obra-prima de Chris Martin e seus amigos, "Trouble" é elegante, linda, delicada e ao mesmo tempo intensa, intercalando o som do piano e das guitarras com pequenos momentos de quase silêncio que consolidam o drama presente nessa canção. Destaque para o final da música, com a guitarra soando lentamente, pausada, enquanto a voz e o piano dão espaços para momentos de quietude e suspense. A letra fala sobre mágoa e arrependimento por meio da analogia de nos sentirmos presos em uma teia de aranha na qual quanto mais nos mexemos no desespero de sair dessa situação, mais nos envolvemos na nossa própria bolha de tristeza e desesperança. Dramático, mas muito bonito. Nota 10,0. 


7. "Parachutes" - 10,0


O título do álbum é na verdade um interlúdio, uma canção tão pequena que não chega a ser considerada uma "música completa". De qualquer forma, o violão e a voz de Chris Martin não impedem que essa música, ou melhor, que esse interlúdio seja ouvido várias e várias vezes. Nota 10,0

8. "High Speed" - 6,0

Música cadenciada, com menos vibração e carga dramática do que as anteriores. Elegante, mas não faz falta aos nossos ouvidos. Nota 6,0.

9. "We Never Change" - 7,0

Outra música melancólica e arrastada do álbum, "We Never Change" fala sobre como nós temos sonhos simples e objetivos, mas a nossa teimosia em errar nos impede de conseguir o que está ao nosso alcance. Canção bonitinha, mas demora para decolar e não voa tão alto. As notas lindas, tristes e solitárias da guitarra de Jonny Buckland dão um ponto extra para a música. Nota 7,0.

10. "Everything's Not Lost" - 10,0


Essa balada consegue o que outras não conseguiram neste álbum: ter um belo início melancólico, aumentar a carga dramática ao longo da canção, decolar rumo a uma sequência de versos que leva a música e o ouvinte ao clímax. A repetição de notas de guitarra (riff) funciona como o combustível que faz a canção evoluir e ganhar uma trajetória crescente ao longo de toda sua execução. É como se fosse uma espécie de "leitmotif", uma frase musical que ajuda a marcar os momentos em que a melodia precisa chamar a atenção do ouvinte e despertar um nível maior de envolvimento emocional nele. Muito bacana, nota 10,0.

11. "Life Is For Living" - 5,0

Faixa "secreta" que encerra "Parachutes", ela se resume a Chris Martin nos dizendo que a vida não deve ser construída com base em ressentimentos ou rancores. Em resumo, é um pedido de desculpas. Nota 5,0.

NOTA FINAL : 90,0 / 11 músicas = 8,2

Conclusão: "Parachutes" é um álbum melancólico, com momentos emocionantes que nos levam ao êxtase e à redenção e outros momentos arrastados que nos conduzem a uma identificação com as tristezas e arrependimentos contidos nas canções. As músicas são bonitas, mas apenas serão apreciadas por quem tiver maturidade para entender que a vida é composta por situações em que o amor se manifesta muito mais como uma forma de sofrimento do que como uma sensação positiva. O próprio Coldplay vai discordar disso no futuro, quando se transformar em banda pop colorida e alegre depois de "Viva La Vida", mas isso é assunto para outros textos neste blog.

No post seguinte vamos avaliar, faixa a faixa, o disco "A Rush of Blood to the Head" de 2002.

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