Coldplay consolida sua melancolia pop com "A Rush of Blood to the Head"

        Continuando a análise de qual é o melhor momento da carreira do Coldplay, vamos conhecer, faixa a faixa, o segundo disco do grupo, intitulado "A Rush of Blood to the Head", lançado em 2002, representando a fase "rock melancólico pós-Britpop" do início da banda.


1. "Politik" - 8,0


Esta música, gravada logo após os atentados de 11 de setembro de 2001, começa intensa, mas perde fôlego, alternando pedidos sussurrados com explosões sonoras. O contraste de suspense e refrão barulhento chama a atenção, entretanto não conquista quem está ouvindo, o que explica o porquê desta faixa não ter se tornado um dos maiores sucessos deste álbum. Sobre a letra, surge a dúvida se a canção está pedindo uma revolução política para algum país que represente uma potência econômica mundial ou se é uma oração para Deus impor uma era de harmonia no planeta Terra. Nos momentos mais intensos de "Politik", a solução parece ser simplesmente abrir os olhos e encarar a realidade, o que inicia um desejo de mudança íntimo e, ao mesmo tempo, mundial. Nota 8,0.

2. "In My Place" - 10,0


Obra-prima do Coldplay, "In My Place" consegue ser cativante e comovente ao mesmo tempo. A letra, sobre respeitar os limites pessoais e os dos outros, é simples, enquanto o "yeeeeeah" emociona e faz cantar junto, criando elementos incríveis que servem como modelo para compor uma boa canção de rock, pop ou qualquer outro gênero que se preste a conciliar sucesso com qualidade musical. A percussão e o baixo são vibrantes, o arranjo de cordas e o riff de guitarra de Jonny Buckland são tristes e a interpretação de Chris Martin é arrebatadora. Perfeito! Nota 10,0.



3. "God Put a Smile upon Your Face" - 9,0


A canção tem um início acústico que demora para deslanchar, mas melhora conforme a bateria, baixo e guitarra marcam presença. No refrão, a melodia se torna mais intensa e a música finalmente decola, porém a percussão repetitiva e diminuição de ritmo em alguns trechos tiram o encanto deste hit. A letra fala sobre destino e o propósito da vida, cujo significado, quando descoberto por alguém, apenas serve para comparar crenças diferentes, sem um efeito prático que mude a nossa existência, sendo mais importante o que temos agora e não o que vamos descobrir no futuro. Nota 9,0. 

4. "The Scientist" - 8,0


A abertura, com piano melancólico e voz ecoando, desperta a nossa curiosidade. A letra diz "vamos voltar pro início", "correr atrás do próprio rabo", "andar em círculos". "Nobody said it was easy", o bordão utilizado para descrever como o Coldplay alcançou o sucesso, é o refrão desta música, mas ninguém disse como é difícil aguentar 2 minutos e 20 segundos esperando a chegada de bateria, baixo e backing vocal aquecer a canção. Mais paciência se faz necessária até o surgimento das notas de guitarra, depois de 3 minutos e 45 segundos de lenga-lenga. Só vai voltar para o passado e escutar esta música de novo quem estiver muito mal da cabeça e do coração, porque alguém de bem com a vida vai ouvir uma vez só e basta. Percebam, já aqui em "The Scientist", o surgimento do "uuuuhuh aaaa-uuuuuhh" que causa incômodo nesta música e nas canções pop que a banda lançou após "Viva La Vida". Nota 8,0.

Vale a pena ver o vídeo de "The Scientist", uma referência do audiovisual pop, principalmente quando o tema é contar uma história de trás para frente.



5. "Clocks" - 10,0



"Clocks" é o exemplo de que é possível combinar a elegância do piano com a energia do rock para compor uma canção melancólica e vibrante ao mesmo tempo. O famoso "You are" ("iiiihhuuuuh uuuh aaaah"), que até virou meme, serve para envolver o ouvinte em uma atmosfera cheia de notas lindas e sons brilhantes. Os versos antes do último solo de piano, a sequência de batidas nos pratos da bateria e as notas de guitarra no finalzinho fazem toda a música valer a pena. Nota 10,0.


6. "Daylight" - 8,0


Boa abertura com riff de guitarra, uma levada bacana de bateria, porém um pouco desanimada nos versos, "Daylight" melhora no refrão, mas no todo é uma música repetitiva e não tem aquela redenção sonora de alguém que está vendo a luz do dia após um longo tempo de escuridão. Nota 8,0.

7. "Green Eyes" - 7,0


"Green Eyes" começa com violão e vozes, e, depois de 2 minutos de balada, ganha força com bateria e baixo. Parece algo que em 2020 seria chamado de indie folk, mas é apenas um pop acústico pós-britpop de 2002. Quando a música está empolgando, acaba de repente. Nota 7,0.

8. "Warning Sign" - 6,0


Outra balada do álbum, marca uma espécie de diminuição daquela energia que encontramos nas primeiras faixas, como "Politik", "In My Place" e "God Put a Smile upon Your Face". Se você não estiver triste, provavelmente vai dormir ouvindo esta música. O arrependimento amoroso é tanto que a canção parece "brochar" nos últimos versos. Nota 6,0.

9. "A Whisper" - 10,0

 

Música bem construída, com início tenso e promissor. Depois, a melodia explode, o clima se torna mais tempestuoso e a canção ganha beleza e um ar de suspense coerente com uma paranoia cheia de sussurros de um amor antigo difícil de ser esquecido. Bonita, intensa e elegante, "A Whisper" merece ser ouvida várias vezes. Nota 10,0.


10. "A Rush of Blood to the Head" - 9,0

 

O início preguiçoso de "A Rush of Blood to the Head" nos entedia ao mesmo tempo que desperta nossa curiosidade. A música ganha vida quando o resto da banda surge nos versos seguintes e a intensidade aumenta no refrão, alcançando o clímax. A energia se mantém no restante da faixa e o resultado final é ótimo. O destaque fica com Jonny Buckland e sua guitarra, ditando a melodia que sustenta quase toda a canção. Se não fosse tão devagar no começo e tão longa em sua execução, a música que batiza o álbum seria perfeita. Nota 9,0.


11. "Amsterdam" - 5,0


Música devagar, quase sonolenta, fala sobre a sensação de estar preso em um "buraco sentimental" repleto de tristeza. Depois de 4 longos minutos, a canção acorda, dando a entender que o mal-estar provocado pelo excesso de angústia será interrompido pela chegada do amor. Difícil aguentar tanto tempo de lamentação para alcançar essa mensagem apenas no final. Nota 5,0.

NOTA FINAL : 90,0 / 11 músicas = 8,2

Conclusão: "A Rush of Blood to the Head" é um álbum que consolida a melancolia pop do Coldplay por meio de músicas alternando momentos de quietude com intensidades sonoras e canções cumprindo tudo o que se espera de um rock feito para se tornar um sucesso pop mundial. Inícios demorados e muito dramáticos e a repetição de alguns truques ao longo das músicas atrapalham a eficiência de algumas faixas.

No post seguinte, vamos avaliar, faixa a faixa, o disco "X&Y" de 2005.

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