Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Agosto)
O mês de agosto de 2024 entregou um dos discos mais "hypados" do ano, "Romance", do Fontaines D.C., banda Indie que estará no festival Lollapalooza de 2025 em São Paulo.
Além disso, algumas bandas gringas chamaram a atenção nesse mês com novos álbuns resgatando o som do Rock dos anos 90, caso do grupo Wishy, que trouxe uma mistura de Nirvana, Weezer e Smashing Pumpkins, e da banda Aluminum, que renovou a energia do Shoegaze e do Rock de Manchester da virada dos anos 80 para os 90, dois fenômenos musicais importantes na origem do Oasis, que voltará aos palcos em 2025.
O Brasil, que poderá receber shows dos irmãos Gallagher ano que vem, encontrou o Rock na capital sertaneja Goiânia através do novo disco de Vitor Brauer, criou um Pop Rock Psicodélico divertido em Santa Catarina com o Fantástico Caramelo, mostrou as garras no Funk Soul Rock mineiro da cantora Augusta Barna e, ainda em Minas, o Rock anos 70 voltou em grande estilo pelas mãos do mestre Lô Borges, enquanto o paulista Apeles passou pelo calvário e a redenção musical na fusão do Rock com o Eletropop.
Tudo isso está aqui na lista com Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Agosto).
Vamos começar no coração do Brasil, com mais uma aventura sonora e um ótimo disco do multi homem do Indie Nacional, Vitor Brauer.
1) Vitor Brauer - "Tréinquinumpára 03: Goiânia" (Independente)
Rock Alternativo - Governador Valadares / Minas Gerais
Um dos projetos mais ambiciosos e, talvez, heroicos do Rock Independente Brasileiro atual é a saga de Vitor Brauer chamada "Tréinquinumpára", que consiste em gravar um álbum referente a cada uma das capitais do Brasil em um prazo de 10 anos. Até aqui, Vitor já lançou a primeira parte dessa aventura, um disco em homenagem à Maceió, Alagoas, em 2023, e em 2024 lançou o segundo álbum, dessa vez usando o Rio de Janeiro como tema.
Agora, no meio deste ano, saiu o capítulo 03 da sequência: Goiânia, repetindo uma estratégia que é o norte dessa caminhada de Vitor Brauer, chegar a um lugar novo e se juntar à cena de Rock Alternativo local, criando ao longo do tempo vários discos que têm seus pontos em comum, mas que, individualmente, sempre carregam um diferencial regional.
No caso goiano, Brauer somou ao "Rock Triste", que é uma de suas marcas registradas, elementos locais de Hardcore e Punk, e um pouco de Moda de Viola, típico da capital do Goiás.
O resultado é um álbum incrível, com uma versão melancólica e áspera da música "Saudade" de Chrystian & Ralf, além de canções intensas como "Não Consigo", um Rock ácido sobre ingenuidade e hipocrisia; "Black Spiral Dancers", talvez uma referência à lendária banda de Stoner goiano Black Drawing Chalkers, com um baixo cheio de um groove Pós-Punk poderoso, sustentando uma das melhores faixas do disco; uma Moda de Viola feita na guitarra em "Boca de Sacola"; "Goiânia, Cidade Aberta", uma pancada sonora que conquista o ouvinte e prepara o terreno para "Césio", um desabafo emocional e, ao mesmo tempo, um relato histórico que deveriam ser tema de redação no ENEM.
2) Wishy - "Triple Seven" (Winspear)
Shoegaze, Dream Pop, Rock Alternativo anos 90, Grunge - Indianápolis / EUA
Um dos melhores álbuns de Rock de 2024 pertence ao Wishy, grupo de Indianápolis, capital do estado de Indiana, nos Estados Unidos. O disco de estreia deles se chama "Triple Seven" e funciona como uma fortuna musical para quem está cansado de perder tempo apostando em novas bandas de Rock que não deram conta do recado nos últimos anos.
O truque do Wishy é reunir em suas músicas uma coleção atualizada do Rock anos 90, com elementos de Shoegaze e Dream Pop, passando pelo Power Pop, Noise Rock, Jangle Pop, Britpop, Grunge e o Pop Punk dos anos 2000.
"Sick Sweet" abre o disco misturando o som do Slowdive com um Pop de Guitarras intenso, seguido por "Persuasion", liderada por um violão que lembra o Rock anos 80 de The Smiths, The Cure e R.E.M. e conduzida até um solo de guitarra maravilhoso, que se duplica e convence o ouvinte.
Na sequência, "Game" tem "riffs" de guitarra que poderiam estar em alguma música do Blur, do Oasis ou até do Smashing Pumpkins; "Love On The Outside" começa como uma balada Emo/Pop Punk, ganha força, apresenta um ótimo refrão para todo mundo cantar junto e termina em um som semelhante ao do Nirvana; "Little While" usa muito bem a fórmula Shoegaze do my bloody valentine, com uma voz tímida e fofa mergulhada em uma parede de distorções de guitarra; "Honey" começa igualzinho "You Get What You Give" do New Radicals e, por fim, "Spit" fecha o disco com uma mistura de Weezer, Turnstile e, mais uma vez, Smashing Pumpkins e Nirvana.
A melhor estratégia para apostar em algo é observar quais foram os resultados passados e, a partir disso, traçar uma tendência para o futuro e fazer a aposta com a maior chance de sucesso. Escute as referências que "Triple Seven" carrega em suas canções e jogue suas fichas no Wishy, uma banda que vai entregar prêmios enormes para quem ainda não desistiu de apostar nesse jogo de sorte e azar chamado Rock 'N' Roll.
3) Fantástico Caramelo - "Nas Colinas Astrais" (Fantástico Caramelo / Shake Music)
Pop Rock, Rock Eletrônico, Psicodelia - Rio do Sul / Santa Catarina
Um bom lançamento na área do Pop Rock Brasileiro é o novo trabalho dos catarinenses da Fantástico Caramelo, o álbum "Nas Colinas Astrais". O disco combina, de forma divertida, Pop Rock, Psicodelia e Rock Eletrônico, construindo canções fofas, com solos poderosos de guitarra, teclado e sintetizadores.
A Psicodelia aparece na música "Antes dos 30", com teclados que poderiam estar em um Rock Progressivo dos anos 70; "Alquimia" fala de Djavan em uma faixa iluminada pelo "Dark Side Of The Moon" do Pink Floyd; "Quase Virei Astróloga" coloca a Psicodelia na praia ensolarada do Surf Rock; "Spaceship", com a participação de brvnks, revelação do Indie Rock nacional, decola rumo a um Pop Rock que tocaria sem parar em uma rádio alienígena; "Goteira de Amor" pousa na Disco Music e viaja no Reggae Latino; "Formigas Australianas" entram nas pirâmides amazônicas em uma canção que consegue ser muito psicodélica e Pop ao mesmo tempo e "Melhor Assim" é uma das melhores músicas de 2024, com ótimos solos de guitarra e de sintetizadores derretendo um açúcar musical que faz a Fantástico Caramelo ser a balinha sonora mais gostosa do momento.
4) Aluminum - "Fully Beat" (felte)
Shoegaze, Dream Pop, Psicodelia, Indie Rock - São Francisco, Califórnia / EUA
Direto de São Francisco, Califórnia, surge um novo grupo que está prosseguindo com um estilo de Rock precioso, mas pouco conhecido pelo público em geral, o "Madchester", um som feito na Grã-Bretanha nos anos 80 e 90 que combina Indie Rock e Psicodelia com guitarras distorcidas e "beats" eletrônicos, criando efeitos dançantes e delirantes.
A banda em questão é o Aluminum, que está lançando seu primeiro álbum, "Fully Beat", inspirado em grandes nomes do Rock Britânico Alternativo do fim da década de 80 e início dos anos 90, como The Stone Roses, Happy Mondays e Primal Scream, representantes do "Madchester" e defensores de um Rock Psicodélico dançante. Além disso, o Aluminum faz referências a outros dois fenômenos britânicos da virada dos anos 80 para os 90: o Swervedriver, dupla conhecida por suas guitarras poderosas, e o Shoegaze / Dreampop, com suas melodias intensas, barulhentas e deliciosas tocadas por mestres desse gênero, como Slowdive e my bloody valentine.
Em "Fully Beat", Aluminum entrega ótimos exemplos dessa mistura sonora, começando pela faixa "Smile" e suas batidas pulsantes, complementadas por guitarras incríveis, seguida de "Always Here, Never There", uma das melhores músicas do ano, combinando perfeitamente "beats" eletrônicos e excelentes solos de guitarra, e "Behind My Mouth", faixa provocante, com um ritmo gostoso e um "riff" de guitarra que vai ficar na sua cabeça.
No meio do álbum, aparece "Pulp", que faz referência à banda britânica de mesmo nome, mas apresenta um som de guitarra poderoso semelhante ao Swervedriver, depois vem "Beat", com uma percussão contagiante e melodia irresistível, lembrando as músicas do Primal Scream, enquanto "Everything" mistura "beats" eletrônicos e "riffs" de guitarra conduzidos por vozes fofas, criando um contraste perfeito, próximo ao do my bloody valentine, e, por fim, na última faixa, surge "Upside Down", com melodia intensa e um teclado com um som engraçado e melancólico, em uma ótima combinação sonora.
Se você não conhecia a Psicodelia dançante do Rock Britânico dos anos 80 e 90, que, inclusive, serviu de referência para grupos do final do milênio, como Oasis e Blur, vale muito a pena ouvir o disco "Fully Beat" do Aluminum, um manual para transcender musicalmente e mergulhar em um dos melhores momentos da História do Rock, ao mesmo tempo que encontramos um grupo pronto para entregar ótimos sons no futuro da Música Alternativa.
5) Lô Borges - "Tobogã" (Deck)
Soft Rock, Psicodelia - Belo Horizonte, Minas Gerais
Lô Borges é uma grande figura da Música Brasileira, reconhecido no Brasil e no mundo pelo Clube da Esquina, grupo muito importante na construção do formato da canção popular nacional, com um disco icônico em 1972 do qual saíram sucessos como "Trem Azul", que influenciou Samuel Rosa na composição do grande "hit" do Skank, "Resposta".
Com mais de 50 anos de carreira e lançando o sexto álbum de inéditas em seis anos seguidos, Lô Borges lança seu novo disco, "Tobogã", inspirado no livro de memórias escrito por seu pai, Salomão Borges, e com letras da poetisa Manuela Costa.
As letras são um dos pontos fortes desse álbum, criando na faixa-título, "Tobogã", com participação de Fernanda Takai, uma sensação de ondulação com o verso "sim sim sim sim sim sim", como se a vida fosse mesmo um tobogã, um escorregador sem volta, com um sobe e desce constante, que se torna engraçado quando é aceito, revelando "o segredo da vida".
Em "Minas e Marte", o tobogã vira um típico trem mineiro e, em uma viagem cósmica entre lembranças voadoras e rios à toa, percebemos que "Todo chão é casa / Se o céu é coração".
No "Pouso da Manhã", a fluidez líquida do tempo e a solidez do caminho da vida se encontram, com dois amigos se ajudando, da forma mais intensa e delicada possível, nos versos "Se o tempo escorre / Por suas mãos / Estendo as minhas / Sem pretensões", palavras que consolidam a bela parceria de Lô Borges e sua compositora, Manuela Costa, quando os dois cantam juntos esses versos em uma das melhores baladas do álbum.
Saindo da poesia e entrando na música, o som de Lô Borges, que começou a carreira nos anos 70, é um Soft Rock, ou seja, um Rock poderoso, mas que carrega a elegância da música feita após o fim dos Beatles, especialmente nos trabalhos solos de George Harrison e Paul McCartney naquela década, enquanto uma nova onda de Psicodelia liderada pelo Pink Floyd e o Funk Americano ganhavam espaço na mesma época.
A soma desses estilos musicais com o que Lô Borges vem apresentando desde "Trem De Doido", "Um Girassol Da Cor Do Seu Cabelo", "Paisagem da Janela" e outros sucessos do Clube da Esquina até os discos feitos nos últimos anos resultam em bons exemplos de Rock, caso de "Esqueça Tudo", com uma bela melodia na guitarra e reverberações que ampliam a potência da música, "Presente" e seu ótimo solo de guitarra inspirado em George Harrison se misturando com um lindo som de teclado e "Teia", que se prende muito bem no Hard Rock, mas tece algo mais puxado para o Funk Rock.
O encontro de letra e música cria ótimas canções como "Poema Secreto", com um solo de guitarra intenso dentro de um andamento delicado, transformando em som o contraste dos versos "Te amo, pequena / Em toda a sua imensidão".
Por fim, "Na Curva de Um Rio" é o local sonoro onde Lô Borges encerra e recomeça o "Tobogã", com a repetição no verso "Rio rio rio rio rio do Cipó", chamando sorrisos e fluxos de água pelo mesmo nome, agradecendo ao céu azul no fim do trilho e se preparando para o próximo disco, os próximos anos, os próximos altos e baixos dessa brincadeira que chamamos de "vida".
6) Fontaines D.C. - "Romance" (XL / 32 County Love Train)
Pós-Punk, Indie Rock - Dublin / Irlanda
O caminho natural de uma banda de Pós-Punk é o Pop, não no sentido bobo da palavra, mas no sentido de fazer músicas mais dançantes e acessíveis, com maiores chances de "furar a bolha" e alcançar um outro patamar de fama e sucesso.
Foi assim com o The Cure, que tem um início sombrio, Pós-Punk gótico, mas entregou pérolas Pop como "Boys Don't Cry", e também com o Joy Division, mais sério, dramático, mas emplacando o hino "Love Will Tear Us Apart" e depois se tornando New Order, com sucessos de pista de dança muito famosos, "Blue Monday", por exemplo, e, no caso irlandês, o U2, que, em "I Will Follow", tem um começo Pós-Punk e depois ganha o mundo com pedradas do Hard Rock, como "Sunday Bloody Sunday", e, anos mais tarde, mergulha no Dance Pop em canções como "Mysterious Ways" para depois, nos anos 2000, estrelar trilhas sonoras de filmes de ação com "Elevation".
Atualmente, o grupo mais importante do Indie também vem da Irlanda e percorre o mesmo caminho dessas bandas fundamentais na História do Rock. O grupo em questão é o Fontaines D.C., banda que, em 2019, entregou um dos melhores álbuns de Pós-Punk dos últimos anos, o espetacular "Dogrel", e, em 2022, evoluíram para um Dance Rock no ótimo disco "Skinty Fia". Em 2024, eles lançam um novo trabalho, intitulado "Romance", um esforço para alcançar um som mais Pop para um público maior, mas sem abandonar a essência Pós-Punk.
Em "Romance", várias estratégias são utilizadas para alcançar esse Pop, começando pela faixa "Starburster", com uma estética usando elementos do fenômeno brat, da cantora Charli XCX, e um som que lembra o Gorillaz, transformando o vocal falado, típico do Pós-Punk, em um quase Rap, com repetições de sons de pianos e violinos funcionando da mesma forma que os "samples" no Hip-Hop.
Depois, temos "Here's The Thing", que já começa pelo refrão, com guitarras distorcidas que poderiam estar em uma música do Blur, do Oasis ou do Smashing Pumpkins, além de "Bug", lembrando algum sucesso do R.E.M., "Sundowner", que traz uma atmosfera meio Psicodélica, meio Dream Pop, que combina muito bem com o som do Beach House, do Slowdive ou do Tame Impala, e "Death Kink", que se encaixaria no disco "AM" do Arctic Monkeys.
Demonstrando o quanto estão esforçados em alcançar o Pop, o Fontaines entrega "Desire", música que poderia estar no ótimo álbum "A Rush Of Blood To The Head" do Coldplay, e "In The Modern World", que parece saída do incrível disco "Born To Die" de Lana Del Rey.
Se nada disso adiantar, o Fontaines D.C. tem uma última carta na manga: "Favourite", a faixa final do disco e uma das melhores músicas de 2024, misturando Power Pop e Jangle Pop, com belos "riffs" de violão e guitarra sustentando um refrão contagiante, seguindo a fórmula que deu sucesso a R.E.M., The Smiths e, especialmente, The Cure, quando Robert Smith e seus amigos adicionaram ao Pós-Punk do início da carreira melodias mais bonitas, mais acessíveis, mais Pop, se consolidando como uma das maiores bandas do Rock, graças a "hits" como "Friday I'm In Love".
Só o tempo vai dizer qual banda será o próximo The Cure, ou o novo U2, mas é fato que "Romance" confirma o Fontaines D.C. como o grupo com melhores condições de liderar o mundo do Rock, fazendo referências aos grandes nomes do passado, mas sem medo de se envolver com o Pop para alcançar o sucesso.
7) Augusta Barna - "Na Miúda" (Independente)
Soul, Funk Americano, Samba Rock - Minas Gerais
Augusta Barna é um dos novos nomes da Música Brasileira, cantando com sua voz forte e bonita canções que, em seu novo trabalho, "Na Miúda", trazem uma mistura potente de Soul, Funk Americano e Samba Rock, resgatando o delicioso gosto das músicas dos anos 70.
Passeando por diversas influências, Augusta Barna apresenta músicas dançantes e irresistíveis como o Funk Soul na faixa "Poeira", encontra o Hip Hop em "Autonomia", se aproxima dos falsetes de Tulipa Ruiz em "Como Eu Tô", entra no Samba Rock de Paula Lima em "Ela", adiciona groove à balada "Sei Lá", aumenta a potência vocal em "Não Ligo" e explode toda sua energia no Rock de "Fera Particular", seduzindo o ouvinte a devorar as outras faixas do álbum.
Com inspirações em Amy Winehouse e Ms. Lauryn Hill e também no mestre Tim Maia e na lendária Banda Black Rio, Augusta Barna está na miúda, mas com garras afiadas para dar o bote e se tornar uma grande cantora nos próximos anos.
8) Chime School - "The Boy Who Ran The Paisley Hotel" (Slumberland Records)
Jangle Pop, Power Pop, Indie Rock - São Francisco, Califórnia / EUA
Chime School (pronuncia-se "tchaime scul") é um grupo de São Francisco, Califórnia que une as duas vertentes mais simpáticas do Indie Rock: o Jangle Pop, conhecido por seus belos acordes feitos em guitarras com doze cordas, estilo utilizado por The Byrds e The Beatles nos anos 60 e o segredo do sucesso de The Smiths, R.E.M. e The Cure, além de ser utilizado por bandas do Rock contemporâneo como Fontaines D.C., e o Power Pop, também defendido pelos Beatles no início da carreira, marcado por harmonias vocais e solos contagiantes de guitarra, servindo de base para melodias que, junto com belos refrãos e um ritmo dançante criam um tipo de som que ganhou o apelido de "Teenage Symphonies To God", ou seja, "Sinfonias Juvenis Para Deus", devido à beleza agitada e divertida presente nas músicas do Power Pop.
No seu novo álbum, "The Boy Who Ran The Paisley Hotel", o Chime School se utiliza do Jangle Pop e do Power Pop para criar pérolas musicais como "Give Your Heart Away", combinando belas melodias de violão e guitarra em uma canção dançante, com um teclado imitando um órgão de igreja, criando um aspecto divino, que, somado ao outros elementos da música, abençoam o ouvinte, trazendo uma sensação de ternura e felicidade.
"Another Way Home", com um ótimo solo de guitarra, "Wandering Song" e sua bela melodia de violão, o "teclado de igreja" de "Say Hello", o ritmo agitado de "Desperate Days", o refrão contagiante em "(I Hate) the Summer Sun" e a faixa "Points Of Light", com percussão eletrônica e uma semelhança com as baladas do Oasis, ajudam o Chime School a criar em seu novo disco um manual sobre como unir Jangle Pop e Power Pop, uma mistura inspiradora, linda e abençoada que produz, desde os Beatles até o Chime School, algumas das músicas mais bonitas do Rock.
Se você não tem tempo para tanta beleza assim, então escute "Why Don't You Come Out Tonight?", canção com menos de dois minutos de duração, inspirada no The Lemonheads e um convite para sair da mesmice musical e conhecer um paraíso sonoro que o Rock'n'Roll esconde de você.
9) Apeles - "ESTASIS" (Balaclava Records)
Rock, Eletropop - São Paulo / SP
De acordo com a Bíblia, Apeles é aquele aprovado em Cristo, um discípulo do apóstolo Paulo que, após muita dedicação e esmero, mereceu essa aprovação, diferente das pessoas que abandonaram Paulo no fim de sua vida, antes de ser decapitado. Por outro lado, Apeles também é o nome de um filósofo antigo que criou uma oposição colocando o Antigo Testamento contra o Novo e admitia que Deus tinha um corpo de carne e osso, mas não entendia o milagre da Natividade que colocou Jesus em nosso mundo.
Musicalmente falando, Apeles é o projeto do paulista Eduardo Praça, conhecido pela lendária banda Ludovic e o pelo duo Quarto Negro. Seu novo álbum, "ESTASIS", apresenta, com a ajuda de vários artistas ao redor do mundo, uma história de esforço contra diferentes formas do sofrimento amoroso, dentro da vida noturna de uma grande metrópole.
Na primeira faixa, "Year Of The Estasis", pessoas se encontram, conversas se iniciam e uma batida synthpop anos 80 inicia a jornada, que depois cai no clima Disco Music de "Fragment", mas tenta fugir em uma mistura de ansiedade e confiança na divina "In God's Hands".
O Rock entra na angustiante e maravilhosa canção "Ossos Em Chamas", com os solos de guitarra funcionando como o pavio e a explosão de uma solidão cheia de calafrios intermináveis. O Rap chega na sequência, em "Magical / Rational", para transformar esses sentimentos ruins em algo prático, esperto, sem tempo a perder.
O resultado desse amadurecimento é uma saudade recorrente, que marca a memória com manchas leprosas de um amor que já se foi, mas continua presente nas lembranças, na música "Puro (Leviticus 13:1)".
Em seguida, a confiança construída no início do álbum se perde quando "Lábios Mentem à Distância", a indiferença surge como defesa em "Todos os Santos Permitidos" e deságua em um forte desabafo emocional com "Blefe, Prova, Posse", usando a inocência do passado para diminuir a culpa, aumentando o rancor e criando uma pureza traumatizada irreversível.
No fim desse calvário, a redenção é encontrada, quando as madrugadas cheias de angústias e desconfianças são substituídas pela entrega amorosa, a fuga da cidade grande e de suas estradas más e o descanso na esquina da Bahia com Goiás no Folk Dream Pop de "Pax, Patz, Paz".
Amém.
10) BADBADNOTGOOD - "Mid Spiral" (XL / Innovative Leisure)
Jazz, Funk, Rock, Samba - Toronto / Canadá
O trio canadense BADBADNOTGOOD é atualmente o nome mais interessante do Jazz Contemporâneo, modernizando o estilo com elementos do passado, criando um som nostálgico e revigorante.
O novo disco do grupo, "Mid Spiral", apresenta esses elementos incluindo Funk, Rock e Samba em um estilo de Jazz já consagrado pela banda ao longo de sua carreira.
O álbum é trabalhado em três partes: a primeira "Chaos" (Caos) coloca a guitarra e o baixo como protagonistas, em uma sequência de Funk Rock sustentada por um Jazz Psicodélico, como no caso da ótima faixa de abertura "Eyes On Me", seguida do groove gostoso de "Take Me With You" e o Funk mágico de "Weird & Wonderful", complementados pelo Rock Latino da música título "Mid Spiral" e o ótimo "riff" de guitarra de "Last Laugh", finalizados por "Your Soul & Mine", saindo do Rock e mergulhando em um Samba Jazz que vai ficar na sua cabeça.
A segunda parte, "Order" (Ordem), intensifica o sabor latino e entra na Música Brasileira com "Juan's World", um "Forró Jazz" que lembra alguns trabalhos do mestre alagoano Hermeto Pascoal, e "Sétima Regra", um "Samba Funk" que se inspira na sonoridade da Banda Black Rio, atingindo um dos momentos mais bacanas de "Mid Spiral".
Por fim, "Growth" (Crescimento, Desenvolvimento), coloca baixo, trompete e trombone em destaque e conduz uma série de "Funk Jazz", começando pela beleza de "First Love", música que lentamente funciona como uma paixão à primeira vista, conquistando o coração do ouvinte, seguida pela ótima "Audacia", em que os elementos brasileiros retornam com semelhanças à música de Artur Verocai e uma sonoridade Soul/Gospel é adicionada, sugerindo uma elevação espiritual que evolui ao longo das canções do disco e ganha mais poder em "Celestial Hands", que se assemelha a um hino de igreja, e "White Light", com seu órgão musical criando uma atmosfera paradisíaca.
Depois de uma jornada intensa de boa música, caminhando pelo Rock, Funk, Samba, Forró, Soul, Gospel e Psicodelia, o BADBADNOTGOOD consegue, entre o caos e a ordem, a nostalgia e a modernidade, desenvolver um som delicioso e criar um Jazz que é bom, muito bom, nada mal.
Muito bem, essa foi a lista com Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Agosto). Vamos combinar o seguinte? Assim que novos discos com músicas bacanas surgirem, eles aparecerão aqui nas próximas listas do Ouvindo Notas, beleza? Então, escute as playlists que estão logo abaixo e a gente se encontra mês que vem!
Playlist do Post: Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Agosto)
Leia também: Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Julho)
Playlist com as melhores músicas do ano: As 400 Melhores Músicas de 2024
Playlist com todas as referências musicais que apareceram no Ouvindo Notas neste ano: Ouvindo Notas em 2024
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