Leopoldina: Nostalgia Eletrônica Futurista

Leopoldina - "12.10.95" (chalkwife, Independente)

Dance Music, Future Funk, House Music, Plunderphonics - Porto Alegre / Rio Grande do Sul

Memórias são feitas de pedaços de cenas do nosso passado, arranjadas de uma forma que não precisa corresponder à realidade, mas à sensação que temos em relação aos momentos que marcaram nossas vidas.

No caso da Leopoldina, projeto musical de Evelyn Minuzzo, que lançou no início de 2025 um álbum de seu outro projeto, chalkwife, baseado no trauma depois das enchentes que destruíram o Rio Grande do Sul em 2024, as memórias da infância e adolescência são transformadas em colagens musicais no seu disco de estreia, chamado "12.10.95", inspirado não apenas no feriado do Dia das Crianças, mas naquela grande nostalgia de que éramos mais felizes quando ainda não éramos adultos.

As colagens musicais apresentadas em Leopoldina são uma mistura de House Music, Plunderphonics e Future Funk. A House Music é a música eletrônica mais conhecida pelos ouvintes, com batidas aceleradas feitas para tocar em festas e pistas de dança e eram um sucesso nas rádios pré-streaming dos anos 90.

Plunderphonics é um movimento musical criado nos anos 80 que consiste em capturar pedaços de músicas diferentes e reorganizá-los para criar uma nova canção. Esses pedaços são chamados de "samples" e estão na base da música eletrônica e do hip-hop, e, atualmente, se tornou um nicho musical específico na Internet.


Future Funk é um gênero de música que estourou durante a pandemia, utilizando como base principalmente o City Pop, nome dado à música Pop japonesa dos anos 70 e 80, remixada e reorganizada em canções que adicionam elementos de anime e truques que já foram utilizados por grupos como o Daft Punk no ano 2000, em seu álbum "Discovery". O resultado é uma música alegre, acelerada, nostálgica e, ao mesmo tempo, futurista.



Todos esses estilos musicais baseados em colagens são a base do som da Leopoldina, reforçados por pedaços de músicas brasileiras, trechos de áudios de programas de TV e diálogos de cenas de novelas, criando uma viagem sonora nostálgica a algum lugar do Brasil onde o pôr do sol é cor-de-rosa e grupos de amigos estão se divertindo, enquanto alguém registra a cena com uma filmadora analógica, gravando a imagem de um Uno "quadrado" e um Gol com aerofólio estacionados à beira da calçada.

O Future Funk anima essas cenas nas faixas "MAIS UMA VEZ", "EM NOITE DE LUA CHEIA", "LIBERTAÇÃO" e "MOONBATH"; a House Music adiciona uma dose extra de felicidade em "AMOR", "FUTURO", "ESTRELA GUIA" e "ANOITECERES NA CIDADE BAIXA / ATÉ MAIS" e o Plunderphonics está em todas as faixas do álbum, feito inteiramente de samples, da mesma forma que a nossa memória é feita de pedaços de lembranças, que, juntas, revelam o que devemos trazer do passado na construção de novas amizades, novos encontros e novas experiências, para que o futuro possa ser transformado em uma bela nostalgia.

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