Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Outubro)

O período de Setembro a Outubro de 2024 apresentou novos álbuns que marcaram o retorno de grandes nomes do Rock Alternativo Brasileiro, como o Punk dos paulistas do Forgotten Boys e o Hardcore dos curitibanos do Sugar Kane, enquanto um novo grupo surgiu em terras cariocas: o Montanee e seu Hard Rock pronto para chegar ao topo do mundo.

Do ventre da mãe África, a cantora Lílian Rocha traz toda a ancestralidade da Améfrica em seu disco de estreia e, na selva de pedra chamada São Paulo, Kamau entrega mais uma obra prima do Rap de verdade em seu segundo disco neste ano.

A herança africana também foi representada em uma homenagem a um mestre do Afrobeat feita por um importante nome do Indie Rock, gênero musical que, por sua vez, lançou ótimos exemplos do que sabe fazer de melhor: Shoegaze, no interior da Califórnia, e Power Pop, tanto em Nova Iorque quanto em Madri, Espanha.

Saindo do Rock, um melhores discos deste ano foi feito por um jovem inglês que foi protagonista do Indie Rock em um passado recente, mas hoje se estabeleceu como um dos mestres da Música Eletrônica.

Tudo isso está na lista com Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Outubro).

Vamos começar com eles, os "garotos" Punk que estavam sumidos, mas não esquecidos...

1) Forgotten Boys - "Click Clack" (ForMusic Records)

Garage Rock, Punk, Stoner - São Paulo/ SP



Um dos nomes mais importantes do Rock Underground Paulista e Brasileiro está de volta.

O Forgotten Boys lançou recentemente seu novo disco, "Click Clack", com referências afiadas de Garage Punk, Glam Rock e Protopunk, além de elementos de Blues Rock, Grunge, Stoner Rock e Britpop, servindo como ferramentas para a banda reforçar sua própria identidade.

Um "click" acontece na faixa "Sway", que começa no ritmo do Rock Clássico, com uma batida semelhante a de Bo Diddley, conduzindo o ritmo que depois se transforma em uma espécie de Stoner Rock.

Em seguida, o Punk de Garagem ataca com "Absurd Butterfly", "The Watcher" vem com um corte rápido de Power Pop com Hard Rock, "Hitman" acerta em cheio com aquele Punk que parece um Country barulhento e acelerado, alcançando a Psicodelia intensa, maluca e divertida de "Zig Zag Sleep".

No fim escutamos o "clack" de "Only A Picture", que lembra as primeiras músicas do Oasis, e o "boom" de "Like Never Before", um Glam Rock feliz, com uma letra visceral, encerrando o álbum, mas abrindo caminho para a primeira faixa, "Voodoo", repleta de ótimas espetadas sonoras.

A soma das diversas referências ao Rock Clássico e ao universo do Punk unidos a uma assinatura própria do grupo faz de "Click Clack" um ótimo lembrete dos motivos pelos quais o Forgotten Boys é uma banda que nunca perde o fio da lâmina e jamais cairá no esquecimento.

2) Nada Surf - "Moon Mirror" (New West Records)

Rock, Indie, Power Pop - Nova Iorque / EUA



Duas coisas são cansativas quando o assunto é Rock'N'Roll: a constante ideia mórbida de que o Rock morreu e a necessidade de criar um som bruto, agressivo e poluído para provar que ele ainda está vivo. 

Enquanto fãs de Rock parecem legistas musicais, o Nada Surf, banda importante do Indie Rock americano desde 1996, está vivo, saudável e lançando um dos discos de Rock mais potentes e bonitos de 2024: "Moon Mirror".

Esse é, provavelmente, um dos melhores álbuns da carreira do grupo, que, como o nome indica, não é uma banda de Surf Music, mas um pessoal especializado em combinar ruídos crocantes de guitarra com a cremosidade de belas melodias e a voz característica de Matthew Caws, cantando letras agridoces sobre a vida, acompanhado pelos carismáticos companheiros de banda.

A iluminação sonora de "Moon Mirror" está em sua faixa-título, uma balada linda feita pra cantar junto, após o disco abrir com duas faixas celestiais: "Second Skin" e "In Front Of Me Now", dois exemplos didáticos do que é uma boa música de Power Pop, com letras sobre se libertar da segunda pele hipócrita que temos que usar em sociedade, ao mesmo tempo em que as distrações do cotidiano tentam transformar a sua vida em um desperdício.

Para quem quer mais peso, "Intel and Dreams" dá conta do recado e "The One You Want" serve para quem ainda tem um coração cheio de ternura batendo no peito. 

Por fim, "Open The Seas", "X Is You" e "Give Me The Sun" comprovam que mais importante que exumar o Rock a cada festival fracassado desse estilo é vivenciar as boas músicas que estão aí, na sua frente, esperando que você abra as janelas, deixe o cheiro de mofo sair e se ilumine com o luar musical do Nada Surf.

3) Montanee - "Recalling Dreams" (ForMusic Records)

Hard Rock -  Rio de Janeiro /  RJ



Direto do Rio de Janeiro surge um novo grupo que está escalando rumo ao topo do Rock Brasileiro e Internacional, o Montanee, Power Trio que faz um som inspirado em grupos como Foo Fighters, Royal Blood e Highly Suspect e que conseguiu sucesso com um cover de "...Baby One More Time", da diva Pop Britney Spears (!)

Os cariocas lançaram um EP chamado "Recalling Dreams", com quatro músicas, a primeira se chama "Never Good Enough", um excelente Hard Rock que sustenta um refrão contagiante e um ótimo solo de guitarra.

Na sequência, vem "Brooklyn Sleeps", uma bela mistura de Grunge e Blues Rock, com a participação do guitarrista Tyler Bryant; depois o brasileiro Suricato adiciona uma camada eletrônica na faixa "Picture On The Wall", com um "duelo" de solos de guitarra, e, fechando o EP, temos "Gray", uma faixa mais áspera, com uma sonoridade entre o Pós-Grunge do Foo Fighters e o Stoner Rock do Queens Of The Stone Age.

Cantando apenas em inglês, o Montanee é um grupo que, no futuro, se tudo der certo, estará no topo das playlists de Rock e dos line-ups de festivais brasileiros e gringos, pois boas inspirações musicais eles já tem, só falta o sucesso deles deixar de ser um sonho recorrente e se tornar uma realidade.

4) Cold Gawd - "I'll Drown On This Earth" (Dais Records)

Shoegaze - Rancho Cucamonga / Califórnia



Atualmente, no mundo do Rock Alternativo, um estilo musical tem tomado conta de toda a cena Indie: o Shoegaze

Sua combinação eficiente de belas melodias com o peso típico do Rock foi uma das bases mais importantes da Música Alternativa desde a virada dos anos 80 para os 90, com grupos como My Bloody Valentine e Slowdive servindo de inspiração para bandas como Smashing Pumpkins e Deftones, antes deste estilo ser pisoteado pelo Dance Punk do The Strokes e, mais tarde, do Arctic Monkeys.

O Shoegaze retornou com força total nos últimos anos, tanto lá fora como no Brasil, com diversas bandas se baseando neste estilo para lançar álbuns incríveis, muitos deles elogiados aqui no Ouvindo Notas em 2022 e 2023.

Porém, há sinais de desgaste e repetição no paraíso do Shoegaze e alguém precisava denunciar isso, remodelando e intensifcando esse estilo, procurando e criando novas soluções para esse problema.

Quem fez isso foi Matthew Wainwright, líder da banda de Shoegaze chamada Cold Gawd, lá de Rancho Cucamonga, na Califórnia. (sim, essa cidade existe, fica perto de Los Angeles, pode acreditar).

Famoso por lançar a camiseta "Shoegaze Is A Prison", com fotos da atriz e ex-presidiária Lindsay Lohan, Matthew utiliza o Cold Gawd como uma ferramenta para dois movimentos: por um lado, levar o Shoegaze ao seu limite, se aproximando do Heavy Metal, e, pelo outro, eliminar o excesso de sonoridade típico da parede sonora que sustenta o Shoegaze, criando uma música ambiente que não é relaxante, mas emocionalmente profunda.



Na primeira metade do novo disco do Cold Gawd, chamado "I'll Drown On This Earth", somos atingidos com um pé no peito logo na primeira faixa, "Gorgeous", com berros, percussão pesada e um som que arrasta o Shoegaze para próximo do New Metal do Deftones, com um final que poderia estar em qualquer música de Emocore, para depois se desmanchar na escuridão.

Essa estratégia se repete em "Portland" e em "All My Life...", mas com mais doçura, usando o Dreampop para recolocar o Shoegaze em seu lugar original. O peso volta em "Duchamp Is My Lawyer" e transforma uma música ensolarada como "Malibu Beach House" em uma obra-prima do Shoegaze/Dream Pop em 2024.

Depois, o Shoegaze é diluído na linda hipnose chamada "Tappan", se perde no sonho sensual melancólico de "Nudism" e reaprende a voar na grandiosa "Bird In Space", como se Matthew e seu Cold Gawd conseguissem se libertar dessa prisão nebulosa que o Shoegaze pode se tornar no futuro, mas não pulando pela janela e batendo asas, em vez disso, a fuga acontece percorrendo um túnel escuro, obrigando o ouvinte a se afundar em um som introspectivo e profundo, como um bom Shoegaze deve ser.

5) Kamau - "Est..." (Plano Audio)

Rap - São Paulo / SP



Depois de lançar neste ano o ótimo álbum "Documentário", que foi assunto de uma resenha especial aqui no Ouvindo Notas, o rapper paulistano Kamau repete a dose em 2024 e entrega mais um novo trabalho, o disco "Est...", repleto de letras espertas, rimas surpreendentes e versos cheios de mensagens importantes.

O álbum começa com "Est...(Ser)", questionando os motivos pelos quais nós existimos e fazemos o que é necessário para manter essa existência, além do que as aparências querem dizer.

Na sequência vem "Dale", sobre o compromisso real com o Rap de verdade, explicada em um ótimo refrão, em uma música que vai de Luke Cage a Muhammad Ali e tem a seguinte visão sobre a ganância: "olho grande não enxerga melhor".

"Enquanto Isso", um refrão sagaz contesta falsos líderes que querem convencem a massa alienada sobre um plano de salvação que pode ser uma grande armadilha.

Em seguida, o equilíbrio em ser um misto de cigarra e formiga revela que o Rap não é apenas sobre a ambição de sentar em um trono, para um rapper de verdade é muito "Mais que isso".

Em "Casa", Kamau recebe a visita de Flavia K e DJ Nyack em uma das melhores músicas do álbum, rimando sobre heranças históricas, aprendizados pessoais e a consciência de que "conhecimento é perna, vontade é asa".

No fim, Kamau volta ao início em "Est...(Estar)", unindo as pontas do disco, perguntando "onde é preciso estar para ser, como é preciso ser para estar", e se esforçando em encontrar esse lugar onde se acomodar pode colocar a pessoa fora de onde devia estar.

Movido por "samples" e "beats" perfeitos, sempre conduzindo a letra sem roubar o protagonismo dos versos, "Est..." é mais uma demonstração de resistência artística diante de uma cena de Hip-Hop corrompida por Drakes, Puffs, discussões e "festas brancas", enquanto o verdadeiro compromisso com o Rap e a Arte continua sendo defendida por muita dignidade por quem não é conduzido, conduz.

6) Yannis & The Yaw feat. Tony Allen - "Lagos Paris London" (Transgressive Records)

Afrobeat, Rock - Londres / Inglaterra



Yannis, conhecido como o vocalista, guitarrista e líder da banda Foals, famosa pelo sucesso "My Number" e outras músicas que somaram o ritmo do Afrobeat ao Dance Rock da época do Arctic Monkeys, se juntou, antes da pandemia, ao seu ídolo Tony Allen, baterista lendário, falecido em 2020, importantíssimo na construção da Música Africana contemporânea graças ao seu trabalho com o mestre Fela Kuti, fundamental para consolidar dentro do Jazz, do Pop e do Rock a sonoridade da África.

Enfrentando todos os obstáculos pandêmicos e a partida de Tony Allen, Yannis trabalhou firme nas músicas que os dois gravaram durante um encontro em um estúdio de Paris e o resultado desse esforço é a homenagem póstuma "Lagos Paris London", um EP com cinco músicas que valem por um álbum inteiro, entregando diferentes formas de misturar a batida "quebrada", complexa e vibrante do Afrobeat, por meio da percussão primorosa de Tony Allen, com a potência do Rock dançante defendida por Yannis no Foals.

O EP abre com a faixa, "Walk Through Fire", traz as batidas complexas da bateria e também um ritmo "mascado" na guitarra que dão vontade de acompanhar a música batucando alguma coisa, até o momento em que a guitarra solta um "riff" poderoso e a voz estourada de Yannis colocam essa canção no ponto certo para ser ouvida no volume máximo.

Na sequência, vem "Rain Can't Reach Us", que aposta em barulhinhos eletrônicos para criar uma das músicas mais dançantes de 2024, com a percussão de marimbas se misturando aos "blips" e "blops" até a chegada da guitarra de Yannis e a percussão envolvente de Tony Allen.

Outro destaque é "Under The Strikes", que já começa com um trombone, lembrando as músicas de Fela Kuti, criando um groove irresistível, graças à mistura dos instrumentos de sopro com uma percussão gostosa, que se acumulam e atingem um dos melhores momentos do disco.

Se você não conhece Afrobeat e nem faz ideia de como ele foi e continua sendo fundamental para os grupos que estão na vanguarda do Rock e da Música em geral, caso, por exemplo, do The Smile, projeto formado pelos líderes do Radiohead e uma das bandas mais importantes da atualidade, vale a pena escutar "Lagos Paris London" e viajar nesse som repleto de suingue e groove, unindo passado e futuro, em uma bela homenagem ao mestre Tony Allen.

7) Lílian Rocha - "DO NILO" (Independente / dist. Tratore)

Afro Pop, Samba, Jazz - São Paulo



Cantando com uma voz bonita e potente, a artista paulista Lílian Rocha defende as raízes africanas e a musicalidade brasileira em seu álbum de estreia, intitulado "DO NILO".

O disco começa com a faixa "Raiz Forte", um Samba que valoriza a sabedoria popular, e segue nesse ritmo em "Gracinha", incorporando elementos de percussão e sopro e um solo de guitarra, colocando a música de Lílian Rocha entre o Samba de Gafieira e o Jazz Rock.

Toda essa musicalidade se encontra no ótimo Afro Pop da canção "Brinco de Princesa de Mali"; mergulha na percussão vocal de "Cumbuca", com a participação da cantora Josyara, e enche a boca de sensualidade no Mambo de "O Perfume do Cajú", que encerra o que seria o "lado A" do disco.

No que seria o "lado B", a poesia toma a frente da canção para apresentar, em uma encruzilhada entre Minas Gerais e o país africano Mali, nossa herança "Amefricana", que dá a luz a uma canção delicada e poderosa sobre o nascimento e a afirmação de um povo nascido no "Ventre Minas".

A benção celestial para esse povo recém-nascido vem com o Jazz em "Lua Nova" e aponta um destino no futuro baseado nas miragens do passado em "Te Encontro em Dakar", aproximando esse Jazz da música feita no norte da África, com suas percussões e melodias características.

Por fim, Lílian Rocha une o Samba e o Jazz com um pouco da guitarra do Rock para cantar sobre os encontros e desencontros do Amor na "Sua Vez".

Defendendo muito bem a herança amefricana na Música Brasileira, Lílian Rocha se apresenta como uma cantora pronta para abençoar seus ouvintes com belas melodias e muitas mensagens poéticas embaladas por uma voz tão maternal quanto a própria África.

8) Jamie xx - "In Waves" (Young)

Dance Music - Londres / Inglaterra



Jamie xx corresponde a um terço do The xx, grupo famoso por fazer um Rock Indie minimalista, uma espécie de Slowdive sem o excesso sonoro do Shoegaze, criando as bases para o Bedroom Pop defendido por Lorde e Billie Eilish.

Em sua carreira solo, Jamie xx se consolidou como um maiores artistas da Dance Music nos últimos 15 anos e, após dois discos marcantes, a alta expectativa sobre o terceiro álbum foi atendida em "In Waves", um manual com várias referências ao Eletropop do passado reinventadas por truques e ousadias que apenas um jovem mestre dos tempos atuais seria capaz de realizar.

A amplitude de temas do disco vai desde a meditação em meio ao caos de "Breather" e o relaxamento antes de um novo ciclo de batidas sonoras em "Wanna" até a loucura de "Treat Each Other Right", misturando palavras de ordem que poderiam estar em uma música do Basement Jaxx, importante grupo eletrônico contemporâneo de nomes como Prodigy, Chemical Brothers e Fatboy Slim, com refrãos de Soul Music acompanhados de "samples" de sirene de polícia.

No meio disso, ouvimos o retorno dos integrantes do The xx em "Waited All Night", com referência ao clássico dos anos 90, "Be My Lover", do La Bouche

Há também "Baddy On The Floor", uma das melhores músicas do álbum, parecida com o som de Calvin Harris; o Trance de "Still Summer"; o Flamenco espanhol transformado em um Eurodance em "Life", guiado pela carismática voz de Robyn; o erotismo de "The Feeling I Get From You" e a Psicodelia de "All You Children".

Quem tem dificuldade com Música Eletrônica e prefere a potência bruta do Rock ou a suavidade do Soft Pop ou da MPB, vai encontrar esses dois elementos unidos em "In Waves", álbum no qual Jamie xx transcende os limites sonoros e atinge um estado musical hipnótico que vai levar todos os ouvintes para uma onda de sensações incrível.

9) Sugar Kane - "Antes que o amor vá embora" (Deck)

Hardcore - Curitiba / Paraná



Nome importante do Hardcore brasileiro, os curitibanos do Sugar Kane retornam com o excelente álbum "Antes que o amor vá embora", apresentando ótimos exemplos de como fazer Rock no Brasil de 2024.

Logo de cara, na primeira faixa, o grupo se une à maravilhosa diva Jup do Bairro e entrega uma das melhores músicas do ano: "Agora", uma canção que critica a hipocrisia das redes sociais, alcançando uma reflexão profunda sobre a autoestima baseada nas opiniões dos outros, expressando essa ideia com inteligência nos versos "vou editar meus sentimentos", "manipular seu julgamento", "não sou cúmplice desse mundo quadrado", "sou espelho do seu ódio", "gente que não te conhece".

O Hardcore potente do Sugar Kane continua no fim de um relacionamento amoroso em "Acostumar", na construção da mémoria contra o caos cotidiano em "Lembro Bem" e na faixa "Vai", com uma bela melodia e um ótimo solo de guitarra sobre seguir em adiante, apesar de tudo.

Badauí, do CPM 22, faz uma luxuosa participação em "Dormi no Chão", cantando sobre vivências, amizades e esperanças. Depois, "Original" faz uma crítica ambígua sobre mentiras, tanto na aparência quanto na atitude, com o duplo sentido no verso "não tem nenhum problema" ; "Todos os Dias" explica o título do álbum, aproveitando o agora antes que seja tarde demais, e, na sequência, os desencontros amorosos causados pelas armadilhas do tempo aparecem "Pra Sempre".

"Pelo Avesso" insiste em querer parar o tempo e recomeçar eternamente, "Óleo na Pista" desliza entre planos e perdas, "Eu Acredito" deposita confiança no futuro para superar a hipocrisia dos outros "E no final" surge "Estávamos Certos", que, com um pouco de Reggae, chega a conclusão de que momentos tem duração limitada, mas efeitos eternos.

Todas essas conclusões somadas ao excelente Hardcore Melódico que sustenta todo o disco comprovam que o Sugar Kane é uma das melhores bandas, não apenas do Hardcore, mas do Rock Brasileiro na atualidade. Vamos aproveitar o som deses caras enquanto o amor ainda não foi embora.

10) Hinds - "VIVA HINDS" (Lucky Number)

Indie Rock, Power Pop - Madri / Espanha



Enquanto muita gente perde tempo procurando Rock em bandas antigas lideradas por machos raivosos, duas garotas entregaram um dos discos mais divertidos do Rock atual. 

Elas se apresentam como Hinds, são de Madri, Espanha e lançaram o seu novo disco, "VIVA HINDS", um álbum com músicas simples, fáceis e divertidas, perfeitas para quem quer ouvir Rock para ficar feliz e não para manter um personagem bobo malvadão.

Algumas faixas de "VIVA HINDS" transmitem felicidade com facilidade, caso de "Hi, How Are You", com um refrão eficiente e um barulhinho no lugar do que deveria ser um solo de guitarra, atingindo uma eficiência musical que muitas canções pretensiosas cheias de melodias complexas não conseguem alcançar.

Reconhecendo isso, as Hinds ganharam duas participações de luxo em seu álbum: Beck, na gostosinha música "Boom Boom Back", e Grian Chatten, vocalista do Fontaines D.C., a banda mais importante do Rock Alternativo no momento; ele participa da ótima canção "Stranger".

Com esses apoios morais, as Hinds consolidam seu Rock divertido com a excelente faixa "On My Own" e utilizam as origens em língua espanhola para criar uma das melhores músicas do ano: "En Forma", com uma letra que mistura a perda de um amor com a perda de peso e questiona o quanto isso é saudável ou não, enquanto ouvimos um Rock refrescante misturando New Wave com Power Pop.

Não vale a pena perder tempo com os velhos clichês do Rock'N'Roll, pois há uma onda de novos nomes garantindo o futuro desse gênero musical. 

O Rock feminino feito por jovens mulheres ao redor do mundo, caso de Alex Lahey na Austrália, beabadoobee nas Filipinas e Hinds na Espanha é um exemplo disso e muitos outros nomes dessa mesma cena musical aparecem todo mês aqui no Ouvindo Notas

Cabe a você se desprender do passado, deixar de ser emburrado e se divertir. É mais simples do que parece e as moças do Hinds estão aí para te ajudar a colocar um sorriso no rosto.

Ok, aí está o ranking com Os 10 Melhores Álbuns Brasileiros e Internacionais de 2024 (até Outubro). Quando novos discos bacanas surgirem, eles estarão aqui nas próximas listas do Ouvindo Notas.

Aliás, o ano está acabando, e está chegando o momento das listonas de final de ano, não é mesmo? Fiquem ligados no Ouvindo Notas para mais novidades...

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Até a próxima!

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